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terça-feira, 3 de março de 2015

A BATALHA DE CAMAQUÃ


A Batalha de Camaquã: segunda-feira teve confronto entre PRF e caminhoneiros e deixou seis feridos Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
ZERO HORA 03 de março de 2015 | N° 18090


PROTESTO DE CAMINHONEIROS. CONFRONTO EM CAMAQUÃ



FORÇA POLICIAL CHAMADA para retirar motoristas autônomos de carga que realizavam manifestação para pedir redução do preço do diesel na BR-116, nosul do Estado, usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Populaçãose envolveu na ação e tentou revidar com pedras, rojões e pedaços de madeiraO que os moradores de Camaquã viram ontem no pórtico de entrada da cidade foi uma batalha. Houve um enfrentamento entre a força de choque da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e caminhoneiros que estavam na beira da BR-116 para protestar pedindo redução do preço do diesel. Os manifestantes acabaram recebendo apoio dos habitantes do município, o que intensificou o embate – que seguiu pela noite.

Os ânimos começaram a esquentar no fim da tarde. A PRF iniciou a intervenção para retirar os manifestantes com suporte da Força Nacional, autorizada a desobstruir rodovias pelo governo federal. Com escudos, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, o policiamento dispersou o grupo na beira da rodovia, arrancou faixas e efetuou prisões.

A partir desse momento, moradores de Camaquã começaram a responder com pedras, rojões e pedaços de madeira. Um policial mostrou esferas de metal do tamanho de bolas de pingue-pongue que foram arremessadas com uso de estilingue.

HOUVE 20 PRISÕES EM TODO O ESTADO

Estouros passaram a dominar o ambiente até o início da noite. A escuridão aumentou quando as luzes à beira da BR-116 se apagaram. Com pneus e pedaços de madeira, uma fogueira foi montada na entrada da cidade – como que uma barricada para impedir a passagem rumo às ruas.

Por volta das 23h, com o fogo diminuindo de intensidade e a menor circulação de policiais, o sinal era de que o confronto estava chegando ao fim. A PRF informou que permaneceria no local para garantir que a BR-116 tenha o trânsito liberado. Segundo o hospital da cidade, duas pessoas foram atendidas feridas por bala de borracha e outras quatro sofreram falta de ar devido a bombas de gás.

Na sexta-feira passada, a PRF e a Força Nacional liberaram o bloqueio que caminhoneiros realizavam na BR-101, em Três Cachoeiras. Nesse trecho, a ação durou poucas horas depois de prisões e uso de bombas de gás. Em Camaquã o confronto foi mais intenso – apesar de a BR-116 não estar bloqueada. Os manifestantes estavam tentando parar caminhões para se juntarem ao movimento.

Pelo menos 20 manifestantes haviam sido presos ontem pela PRF em quatro pontos do Estado. Conforme o inspetor Marcelo Lopes Remião, chefe da 2ª delegacia da PRF, 70 homens de outras partes do Brasil estão se deslocando para o Rio Grande do Sul. O movimento perdeu força no país e ficou concentrado em rodovias catarinenses e gaúchas.



Desabastecimento atinge postos e hospitais


Todas as regiões do Estado praticamente convivem com algum efeito da paralisação dos caminhoneiros. Em Humaitá, no Noroeste, um posto cobrava R$ 3,99 pelo litro de combustível. O proprietário foi conduzido à delegacia no último sábado para ser indiciado sob suspeita de crime contra a economia popular, de acordo com o delegado William Garcez.

Na tentativa de amenizar a falta de combustível, caminhões-tanque foram escoltados pela polícia por rodovias do Estado até chegarem aos seus destinos.

Em Três Passos, 1,5 mil alunos da rede pública estão sem aulas. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, não há combustível para abastecer os ônibus do transporte escolar. Em Santa Rosa, medicamentos não chegam ao Hospital Vida e Saúde desde a semana passada. A instituição opera apenas com o estoque, que é limitado.

O setor de laticínios também é prejudicado. Cooperados da Santa Clara, em Carlos Barbosa, precisaram jogar leite fora porque não há como transportar o alimento para a industrialização.

Ontem, na Capital, federações empresariais realizaram reunião de avaliação sobre os efeitos da paralisação. Na indústria de transformação, o prejuízo chega a R$ 760,3 milhões em receita líquida de venda por dia paralisado. Na indústria de alimentos, as entidades estimam perda direta de receita líquida de até R$ 152,3 milhões por dia.



Políticos apoiam líderes de protesto


Os protestos de caminhoneiros ganharam impulso de políticos. Deputados de diferentes siglas reforçaram a defesa da redução do preço do diesel, principal reivindicação do movimento que há duas semanas bloqueia rodovias no país, concentrado agora no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

O Planalto monitora a ação de siglas da base nas paralisações. Ainda não se confirmou a atuação de bancadas inteiras, mas apenas os auxílios de grupos de deputados e vereadores. É o caso do PP gaúcho.

Ivar Schmidt, líder do Comando Nacional do Transporte, desde a última semana recebe apoio para reuniões e telefonemas nos gabinetes dos deputados Covatti Filho (PP-RS) e Jerônimo Goergen (PP-RS). Os parlamentares negam pagamentos de hospedagem, alimentação ou qualquer socorro financeiro ao motorista, que vive em Mossoró (RN). Segundo Covatti, Schmidt recebe doações de outros caminhoneiros.

Na semana passada, o líder participou de reunião no Planalto ao lado do integrante do PP gaúcho. Para ZH, Schmidt admitiu que, no Rio Grande do Sul, seu contato é o pai do parlamentar, o ex-deputado Vilson Covatti.

– O pai trabalha para ajudar a reunir as reivindicações e facilitar a negociação com o governo. O movimento é apartidário – afirma Covatti Filho, que preside a Frente Parlamentar Mista de Transporte.

Em viagem a trabalho para a Espanha, Goergen refuta o incentivo às paralisações. Ele foi procurado por motoristas em razão de autoria da Lei dos Caminhoneiros, sancionada ontem pela presidente Dilma Rousseff (leia quadro abaixo), e encorajou a viagem de Schmidt a Brasília. Na semana passada, tentou sem sucesso reunião com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto.

– Quis ajudar a encontrar líderes de um movimento espontâneo. O Planalto erra ao negociar só com os sindicatos – diz Goergen.

POLICIAMENTO BARRA BUZINAÇO

O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí, Carlos Litti, desistiu de participar de protestos.

– Não concordamos com a proposta do governo, mas apareceram interesses partidários que não são os da categoria – justifica.

Ontem, os deputados do PMDB Darcísio Perondi (RS) e Valdir Colatto (SC) receberam em um posto de combustíveis de Luziânia (GO), a 45 quilômetros de Brasília, caminhoneiros do oeste catarinense que participariam de um protesto previsto para o fim da tarde. Um forte esquema de segurança no entorno da Capital Federal fez o chamado de buzinaço não ter ainda nem data nem local definido.

GUILHERME MAZUI


LEI EM VIGOR
A presidente Dilma sancionou ontem a nova Lei dos Caminhoneiros, uma das exigências dos participantes dos protestos nas rodovias
1 As propostas - A Lei 12.619 foi aprovada em 2012 para garantir melhorias nas condições de trabalho e reduzir o número de acidentes nas estradas. A lei sofreu críticas em razão da inviabilidade da sua aplicação. Outro projeto começou a circular na Câmara. Sob pressão dos caminhoneiros, foi aprovado. Confira alguns dos pontos que passam a valer.

2 As mudanças
Aumento do sobrepeso
Veículos de transporte de carga e de passageiros terão margem de tolerância ao serem pesados, de 5% sobre o peso bruto total e 10% sobre os limites de peso bruto por eixo de veículo à superfície das vias.
Anistia a punições
Ficam perdoadas multas por excesso de peso dos últimos dois anos.
Descanso obrigatório
O tempo máximo ao volante passa de seis para oito horas. Pode ainda haver duas horas extras. Se houver acordo sindical o horário pode ser estendido mais duas horas, chegando a 12 horas.
Isenção de pedágio
O eixo suspenso de caminhão vazio fica liberado da cobrança de pedágio.

3 A crítica - A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias afirma que um dos efeitos da isenção do eixo suspenso será o aumento do pedágio para todos.



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