Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

EQUADOR CONSOLIDA AUTOCRACIA



O Estado de S.Paulo 24 Novembro 2014 | 02h 06


OPINIÃO



Com a Justiça subordinada ao Executivo, com maioria folgada no Legislativo e com a imprensa amordaçada, o presidente do Equador, Rafael Correa, está prestes a conseguir mudar a Constituição para perpetuar-se no poder. É a mais nova investida de Correa em sua missão de destruir o pouco que resta da democracia equatoriana, como já ocorreu nos outros países ditos "bolivarianos", em nome da chamada "revolução cidadã" - que pretende implantar o "socialismo do século 21".

No final de outubro, a Corte Constitucional equatoriana decidiu que a Assembleia Nacional pode emendar a Constituição sem a necessidade de submeter essas mudanças a referendo, conforme exige a oposição. A sentença diz respeito a um pacote de 17 emendas constitucionais apresentadas pelo governo, entre as quais figura a que permite a reeleição indefinida para todos os cargos públicos com mandato.

Em sua argumentação, a Corte exibiu a sua docilidade ao regime. Em apenas dois dias de debates, concluiu que as emendas apresentadas pelo governo não são "reformas", razão pela qual não necessitam de aprovação popular direta, na forma de consulta.

O país tem apresentado um desempenho econômico satisfatório nos últimos tempos, com previsão de crescimento de 4% neste ano, mas o clima está tenso justamente em razão das mudanças constitucionais que Correa quer impor. Além da reeleição indefinida, outra fonte de protestos é uma alteração na legislação trabalhista que, na prática, limita o direito de greve. Por fim, mas não menos importante, Correa quer transformar a mídia em "serviço público" - pretexto óbvio para ampliar seu já grande controle sobre a imprensa.

Esses temas provocaram grandes manifestações em setembro, reunindo sindicalistas e grupos oposicionistas - devidamente reprimidos pela polícia e por militantes governistas convocados por Correa. Em discurso a seus simpatizantes, o presidente recorreu à velha tática de qualificar os protestos - legítimos em qualquer democracia - como "tentativa de golpe", articulada, segundo ele, em conluio com a "direita internacional". Para o partido governista Aliança País, a proposta de referendo "é apenas uma estratégia das elites para desestabilizar o governo nacional".

A maioria dos equatorianos, porém, alinha-se aos manifestantes: uma pesquisa recente, feita pelo instituto Cedatos, informa que 73% da população quer um referendo sobre a reeleição indefinida e que 75% dizem considerar inaceitável que esse e outros temas constitucionais de mesma importância sejam submetidos apenas à Assembleia Nacional - onde o governista Aliança País tem 100 das 137 cadeiras.

Para a Corte Constitucional, porém, a possibilidade de reeleição indefinida visa a "viabilizar" o exercício pleno dos direitos dos cidadãos de se candidatar, sempre que quiserem, a cargos eletivos. Na visão distorcida de um tribunal cuja função deveria ser preservar a Constituição, a alternância no poder não está prevista entre os elementos constitutivos do Estado democrático - embora seja óbvio que o veto à reeleição tenha justamente esse espírito.

Mas não era possível esperar outro comportamento de um tribunal que, como o resto do sistema judiciário equatoriano, vive à mercê dos desejos de Correa, que promoveu um enorme expurgo de juízes em 2011 - desde então, nenhuma corte emitiu nenhuma sentença contra o governo.

Como há a necessidade de revestir de legalidade as medidas autoritárias do regime, a Corte Constitucional cumpriu seu papel. Disse que não há um modelo único de sistema eleitoral e que cada país tem de escolher aquele que melhor se adapte às suas necessidades. Declarou também que é a população que deve decidir, por meio de eleições, se o governante deve ou não permanecer no cargo. E decidiu, finalmente, que proibir a reeleição "comporta uma limitação injustificada dos direitos constitucionais" daqueles políticos que buscam a reeleição e dos eleitores que gostariam de reelegê-los. Eis, portanto, como se traduz, em linguagem jurídica, o movimento "Rafael Correa para sempre".

sábado, 22 de novembro de 2014

HORA DA VERDADE

REVISTA ISTO É ° Edição: 2348 | 21.Nov.14


Relatório final da Comissão Nacional da Verdade pedirá a punição de 100 militares que participaram de maneira direta das violações de direitos humanos durante a ditadura militar. Possibilidade de responsabilização judicial, no entanto, é quase nula

Alan Rodrigues (alan@istoe.com.br)




No próximo dia 10 de dezembro, a presidente Dilma Rousseff receberá o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Há dois anos, o colegiado investiga, mapeia e tenta esclarecer os casos de torturas, mortes e ocultação de cadáveres praticados ou comandados por agentes do Estado entre o fim do Estado Novo, setembro de 1946, e o início da transição democrática, outubro de 1988. O documento que encerra os trabalhos da Comissão será contundente. Pedirá ao governo federal que responsabilize criminalmente cerca de 100 militares ainda vivos. Os presidentes da época serão apontados como autores indiretos dos crimes perpetrados durante a ditadura. Será a primeira vez que os militares serão considerados responsáveis institucionalmente pelas violações dos direitos humanos cometidas durante o regime de exceção. “A tortura fazia parte da política de Estado, dentro da ideologia da segurança nacional. Havia uma longa cadeia de comando”, afirma José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e membro da CNV. “O que nós vamos fazer é uma declaração pública de responsabilidade institucional das pessoas que governaram o País”, acrescenta a advogada Rosa Maria Cardoso, uma das representantes da comissão. De acordo com Pedro Dallari, professor de direito constitucional da USP e coordenador da Comissão, o relatório “impactante” detalhará casos de estupros praticados por militantes e até o uso de animais nas práticas das torturas. “Um quadro de horrores”, antecipa o professor.


ESFORÇO COMPENSADO
Apesar da resistência de integrantes das Forças Armadas em colaborar
com as investigações, a Comissão da Verdade, coordenada por
Pedro Dallari (à esq.), conseguiu ouvir mais de mil
depoimentos, sendo 132 de agentes públicos

O texto que será entregue à presidente destacará como culpados pela morte, tortura e pelo desaparecimento de centenas de pessoas os marechais Castelo Branco e Costa e Silva, os generais Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Serão incluídos ainda os três integrantes da Junta Militar – que governaram o País em parte de 1969, durante a doença de Costa e Silva: o general Aurélio de Lyra Tavares, o almirante Augusto Rademaker Greenwald e o brigadeiro Márcio de Souza Mello. Para a Comissão, todos eles tiveram conhecimento das atrocidades cometidas pelo aparato da repressão.

Durante os trabalhos, os responsáveis pelas investigações se depararam com a resistência de integrantes das Forças Armadas em colaborar nas investigações. Dallari lembra um episódio ocorrido na sexta-feira 14, quando o Ministério Público descobriu que um hospital do Exército, no Rio, ocultou documentos da época da ditadura. “Ou essa ocultação de documentos obedeceu a ordens superiores, o que eu realmente não creio, ou houve quebra de hierarquia e desobediência ao que seria uma orientação do comandante do Exército, Enzo Peri”, diz Dallari. No entanto, mesmo diante dos obstáculos, a Comissão conseguiu ouvir mais de mil depoimentos, sendo 132 de agentes públicos – entre os quais delegados, policiais civis e militares que atuaram na repressão, em mais de 80 audiências públicas –, e contabilizar 421 mortos e desaparecidos políticos. Embora o relatório, com centenas de páginas distribuídas por três volumes, exponha nomes de agentes públicos responsáveis por graves violações de direitos humanos, o coordenador da Comissão avalia que a identificação dos autores desses crimes não significará que esses torturadores e assassinos sejam responsabilizados judicialmente pelas atrocidades praticadas, como ocorreu na Argentina, por exemplo. “Isso dependerá do devido processo legal”, afirma Dallari. “Vamos indicar a necessidade da responsabilização. Como isso vai ser feito, se vai ser feito afastando-se a aplicação da Lei de Anistia, reinterpretando a lei, modificando a lei, isso é algo que caberá ao Ministério Público, ao Poder Judiciário e ao Legislativo”, declarou. “Só o Judiciário pode definir responsabilidades específicas, analisando caso a caso”, explica Dias. A expectativa, porém, é que os casos não evoluam no STF. Em 2010, por sete votos a dois, o tribunal se declarou contra a revisão da Lei da Anistia em vigor no País. “Só o homem perdoa, só uma sociedade superior qualificada pela consciência dos mais elevados sentimentos de humanidade é capaz de perdoar. Porque só uma sociedade que, por ter grandeza, é maior do que os seus inimigos é capaz de sobreviver”, afirmou, na ocasião, o ministro Cezar Peluso, em seu voto final.



Na Argentina, a história e os desfechos foram outros. Diferentemente do Brasil, os argentinos conheceram dois períodos de regime político militar, na segunda metade do século XX. O primeiro deles entre 1966 e 1973, instalado com um golpe de Estado, que derrubou o presidente eleito. Em 1976, houve novo golpe de Estado com a retomada do poder pelos militares, com a instituição de um verdadeiro regime de terrorismo de Estado, sendo afastada toda interferência do Poder Judiciário nas ações dos militares. Estima-se que 30 mil foram mortos. Terminado o segundo regime militar, os dois primeiros governos civis resolveram decretar uma anistia de todos os crimes cometidos pelos militares, entre 1976 e 1983. Só que, em 2005, a Suprema Corte de Justiça da Argentina considerou essa anistia inconstitucional. Iniciaram-se então os processos criminais contra os militares. Até o ano passado, mais de 200 haviam sido condenados a penas de prisão, dos quais os dois presidentes durante o segundo regime militar.



Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

PREGAÇÕES GOLPISTAS



ZERO HORA 20 de novembro de 2014 | N° 17989


CHRISTOPHER GOULART




É simplesmente incrível! Até mesmo triste esta situação na qual testemunhamos nos jornais os mais diversos posicionamentos desprovidos de qualquer senso democrático. Pregações golpistas surgem como a grande salvação do Brasil em nome da “integridade nacional”, como é o caso de um artigo publicado recentemente em Zero Hora, assinado por um ex-chefe do Estado-Maior de Defesa.

As viúvas da ditadura militar são conhecidas, repetindo reiteradamente a verve golpista durante o transcurso de nossa história republicana. São os mesmos, em versões pioradas, iguais aos que não aceitavam a eleição democrática de Getúlio Vargas em 1950. Que tal recordarmos um ícone do golpismo, chamado Carlos Lacerda? Ele que vociferava seu ódio: “O sr. Getúlio Vargas não deve ser candidato. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”. Os métodos são reproduzidos justamente no ano do cinquentenário do golpe civil- militar de 1964.

Nestes momentos de “intranquilidade”, sempre será bem- vinda a lembrança dos coronéis reacionários de fevereiro de 1954 que exigiam a deposição do ministro do Trabalho João Goulart, pelo crime de dobrar o salário mínimo. Os mesmos que alardeavam “o perigoso ambiente de intranquilidade”, foram os que se prestaram para escrever os já conhecidos – e lagrimados – 21 anos de sequência de generais no poder. Os mesmos que sentem orgulho de um monstrengo chamado Ato Institucional nº5, que teve como primeira medida o fechamento do Congresso Nacional. Cassações, torturas, assassinatos... essa é a democracia que queremos!?

Aos que clamam pelo marchar dos coturnos, continência e tiro de fuzil, vai a nossa mensagem de paz e liberdade. Neste país, senhores golpistas, a lição já foi aprendida. Os males da democracia, sabemos, serão combatidos com muito mais democracia. Contra os criminosos, nossos plenos esforços de que sejam aplicados os duros rigores da lei. A missão agora é advertir sobre a farsa dos que insistem em ver tanques de guerra nas ruas. Rea- firmar nosso compromisso de zelar pela democracia como resposta aos que buscam desesperadamente o retorno da tirania.

Senador suplente eleito

terça-feira, 18 de novembro de 2014

INTEGRIDADE NACIONAL



ZERO HORA 18 de novembro de 2014 | N° 17987


RÔMULO BINI PEREIRA



A nação brasileira passa por momentos preocupantes após as eleições. As ex pressões “país dividido” e “dois Brasis” são propaladas diuturnamente, um sinal de fissuras na unidade nacional, e já se fazem notar no seio da população.

Tudo isso gera um antagonismo “nunca visto neste país”, iniciado pelo grupo que nos governa, orientando “marqueteiros” que não se importaram em empregar todos os meios para a reeleição da atual “presidenta”.

O pobre já está sendo jogado contra a “zelite”; o trabalhador contra o patrão; o sulista contra o nordestino; o negro e o índio contra o branco; e o que é mais abrangente e preconceituoso: o “nós contra eles”. Em síntese, um programa de ódio que já produz na sociedade sintomas de um transtorno de natureza psicossocial, onde o outro é o inimigo.

Desde o início da República, alguns aspectos políticos permanecem vivos na sociedade.

Hoje, há, ainda, os “senhores” que atuam em todo o campo político-social no qual grandes famílias se perpetuam em seus feudos, aliadas a grupos empresariais que dominam o mundo político em prol de seus interesses. E as atuais “senzalas”, selo de empobrecimento, fomentadas pelas “bolsas famílias” e outras benesses doadas pelo governo central, cujo resultado é o voto de “cabresto”, um voto imposto pelo patrão. Coronelismo, corrupção e voto “encabrestado” foram decisivos nestas eleições.

A oposição política e uma imprensa livre são forças vivas que devem se conscientizar deste momento crítico, agravado pelo escândalo do “petrolão”.

Entre as forças vivas, as Forças Armadas devem ser consideradas. Elas sabem que esses antagonismos poderão levar a nação a confrontos indesejáveis como em épocas pretéritas. Nos 12 anos de governo petista, elas permaneceram em silêncio. Mas agora, diante de tais antagônicos, impõe-se que elas não fiquem mudas, para que não sejam acusadas de passividade perante a atual crise.

Este escrito não é um delírio de reacionários, mas um posicionamento de cidadãos que almejam um verdadeiro regime democrático, e que abominam esse arremedo de regime “populista” e desagregador que aí está!

*Gen-Ex R/1, ex-chefe do Estado-Maior da Defesa


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

MANIPULAÇÃO DE IMAGENS




Thumbnail
O PIONEIRO 14 de novembro de 2014


DIOGO SALABERRY E PAULA VALDUGA


A manipulação no fotojornalismo e a desconfiança na era Photoshop



A revista American Photo Mag abordou a questão da manipulação fotográfica no jornalismo esta semana.

Moldada entre opiniões de fotógrafos e códigos de conduta retirados de agências, o que fica claro na matéria é que esta é uma época dura para a criatividade fotojornalística. Cada vez as limitações são maiores, assim como as exigências. Mas sobressair-se fica difícil quando técnicas amplamente aceitas se praticadas em filme são recriminadas se alcançadas através de meios digitais.

O que é comum nos discursos de empregados e empregadores é a necessidade da preservação do sentido original da cena, em especial através da proibição tanto da adição quanto da remoção de elementos da fotografia. Alterar o quadro com a manipulação de pixels ataca fortemente a ética jornalística.

Como forma de defesa de seu negócio os fotógrafos pedem pela confiança dos leitores, que devem acreditar que suas fotos são representações justas da realidade – apesar de não serem objetivas. A veracidade é a principal responsável pela valorização da imagem e quanto mais informações o leitor tiver sobre o processo de escolha e processamento de uma foto, mais autêntica ela vai parecer. Então mostrar claramente a forma de trabalho é a salvação contra a desconfiança da era Photoshop.

Entre as alterações de processamento ainda aceitas estão o corte para reenquadramento, o ajuste básico de tons, cores, saturação e luminosidade e a conversão para preto e branco. Ainda assim, se exageradas, mesmo essas mudanças podem ser consideradas abusivas.

Até que os profissionais entendam onde se encaixam e qual seu papel como contadores de histórias e que os consumidores de imagens saibam diferenciar entre as fotos de “ficção” e “não-ficção”, o medo de ser enganado por manipulações vai seguir colocando em risco o poder testemunhal da fotografia.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

DEFININDO UM IDIOTA



ZERO HORA 13 de novembro de 2014 | N° 17982


LUIS FELIPE SALDANHA*



Não costumo me manifestar sobre a opinião alheia com adjetivos da mesma família que idiota e burro, porquanto não me parece socialmente proveitoso criticar ideias dessa maneira. Prefiro deixá-los para as partidas de futebol, em que não fazem real diferença. No entanto, as asseverações que se espalham pela volta da ditadura militar me levam a reconsiderar a utilidade desses termos.

Todo somos ignorantes em algo. René Descartes dizia que daria tudo o que sabe pela metade do que ignorava. Eu não ousaria tal escambo, uma vez que amo o pouco que sei, mas existe uma sabedoria valiosa em reconhecer que o mundo é maior do que aquilo que temos dentro de nossa própria massa cinzenta. Idiota, portanto, é o sujeito, ou grupo, que acredita veementemente que a sua maneira de ver é a única plausível.

Existe, porém, outro tipo de idiota: aquele que, no desespero de mostrar a superioridade de suas ideias, destrói a si mesmo. O suicídio intelectual é pior do que o físico. Este ainda pode tentar se justificar, por uma causa psicológica ou cultural, mas aquele nem ao menos pesou o absurdo que é intentar contra a própria existência. Alguns afirmam que as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki nos livrou delas durante a Guerra Fria. Outros, que a intervenção militar em 64 salvou o Brasil de uma horrível ditadura comunista. Entretanto, embora seja lógico que o horror da explosão gerou receio em usá-las de novo, nunca saberemos o que aconteceria se a II Guerra tivesse terminado de maneira diferente. A História não pode ser analisada por suposições.

Ao gritar pela volta da ditadura militar, os idiotas não estão sustentando uma explicação histórica, mas clamando por uma mordaça sobre o próprio pensamento. A ditadura não defende o que uma parcela do povo pensa. Ela defende a si mesma. Talvez a bomba atômica tenha livrado o mundo da bomba atômica, contudo não consigo imaginar dois japoneses em qualquer época da História ostentando uma faixa com os dizeres: “Explodam a bomba aqui outra vez, salvem o mundo da guerra”. Não precisamos de outra bomba, nem de outra ditadura.

*Estudante

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

UMA VISITA MUITO SUSPEITA

REVISTA VEJA 08/11/2014 - 01:00

Em VEJA desta semana. Leonardo Coutinho e Nathalia Watkins

A visita muito suspeita do bolivariano Elías Jaua

Corre em sigilo a apuração do que fazia no Brasil o ministro-chefe das milícias da Venezuela. Foi um ataque à soberania brasileira, e o Itamaraty protestou





(Boris Vergara/EFE)

O venezuelano Elías Jaua é um especialista em atividades clandestinas. Em 1992, ele estava entre os mais de 1.000 conspiradores envolvidos na sangrenta tentativa de golpe de Estado que deu fama ao coronel Hugo Chávez. Depois que Chávez chegou à Presidência, em 1999, Jaua passou a fazer parte da cúpula do novo governo, ocupando cargos variados, mas sempre com a responsabilidade de cooptar, articular e treinar movimentos sociais e milícias armadas com o propósito de implantar o “socialismo do século XXI” na Venezuela e de exportar esse modelo para os países vizinhos. Apropriadamente, Jaua comanda há dois meses o Ministério do Poder Popular para os Movimentos Sociais. Nada mais natural, portanto, que passem pelo seu crivo as já tradicionais parcerias entre o governo venezuelano e organizações de esquerda de outros países, inclusive o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem­-Terra (MST), do Brasil. Causa estranhamento, porém, que ele o faça às escondidas do governo brasileiro e que, por trás de supostos convênios de formação técnica, escamoteie cursos de treinamento para a revolução socialista. Foi o que aconteceu durante a viagem do ministro ao Brasil entre 20 e 31 de outubro — iniciada justamente no auge da campanha para o segundo turno das eleições presidenciais.

O plano de Jaua era passar despercebido em sua visita ao Brasil. No dia 24, porém, Jeanette del Carmen Anza, a babá dos seus filhos, foi presa no Aeroporto de Guarulhos ao tentar entrar no Brasil com um revólver calibre 38 na bagagem de mão, o que configura crime de tráfico de armas. Ela estava acompanhada da sogra de Jaua e, segundo o ministro informou à Justiça, ele as havia mandado buscar na Venezuela em um avião da estatal de petróleo PDVSA para ajudar a cuidar de sua mulher, que viera fazer um tratamento médico no Hospital Sírio-Libanês. Ele teria pedido à babá que trouxesse uma maleta de mão com documentos, mas que não se esquecesse de tirar a arma de dentro. Jeanette, surpreendentemente, não teria encontrado a arma, e resolveu trazer a maleta assim mesmo. Beneficiada com um pedido de habeas corpus, Jeanette foi solta e voltou à Venezuela no dia 31. Junto com o revólver, a Polícia Federal encontrou centenas de páginas de documentos que o delegado Enio Salgado classificou como sendo de “cunho eleitoral e doutrinário”. A papelada foi apreendida e cópias foram enviadas para a Justiça Federal. Algumas pessoas que manusearam as brochuras descreveram o seu teor com os adjetivos “forte”, “preocupante” e “explosivo”. A primeira página de uma delas traz o que parece ser o sumário de uma palestra ou aula ensinando como fazer uma revolução socialista, com itens como “Identificar e neutralizar o inimigo (derrota permanente)”.


COLUNA RODRIGO CONSTANTINO

Uma visita muito suspeita: bandeira vermelha!


Graças ao vídeo divulgado pelo próprio governo venezuelano, por meio de um canal estatal de TV, ficamos sabendo dos verdadeiros motivos para a mais que suspeita visita de Elías Jaua, cuja babá foi presa com uma arma no aeroporto. O intuito era fechar uma bizarra parceria com o MST para fortalecer a “revolução socialista” em nosso país. Até o Itamaraty teve de se pronunciar e cobrar explicações do governo “camarada”.

Uma excelente reportagem de Veja esta semana, assinada por Leonardo Coutinho e Nathalia Watkins, esmiuça o passado do venezuelano para jogar luz sobre a gravidade desta visita suspeita. O que emerge é um especialista em atividades clandestinas. Esteve, em 1992, entre os mais de mil conspiradores envolvidos na sangrenta tentativa de golpe de Estado do coronel Hugo Chávez. Quando este finalmente chegou ao poder, Eliás Jaua passou a fazer parte da cúpula do novo governo.

Sua missão sempre foi cooptar, articular e treinar “movimentos sociais” e milícias armadas para implantar o “socialismo do século XXI”, não só na Venezuela, como em outros países latino-americanos. O elo com o MST, portanto, seria natural para alguém com tais “credenciais”. O estranho é ele ter vindo escondido do governo brasileiro. O caso veio à tona com a prisão da babá de seus filhos.

Junto ao revólver, ela trazia documentos que o delegado classificou como sendo de “cunho eleitoral e doutrinário”. O teor foi descrito por alguns que tiveram acesso como “forte”, “preocupante” e “explosivo”. “Identificar e neutralizar o inimigo” seriam os objetivos ensinados pelo obscuro venezuelano. João Pedro Stédile, líder do MST e aquele que fez ameaças de guerra caso Aécio Neves fosse eleito, é próximo de Nicolás Maduro. É o bolivarianismo entrando no Brasil pela porta dos fundos. A reportagem conclui:



Jaua era membro de uma facção clandestina de um movimento marxista chamado Bandera Roja, ou Bandeira Vermelha. Sua meta era convencer pessoas a pegar em armas para lutar contra o regime democrático venezuelano. É esse o tipo que vem clandestinamente ao Brasil fechar acordos com o MST, “movimento social” próximo do PT. Mas há quem chame de paranoia falar em risco bolivariano por aqui.

Inocentes, não sabem de nada! O que os chavistas querem já está evidente. Quem são seus braços armados no Brasil também já sabemos. Que o próprio PT não deseja oferecer obstáculo algum a essa quadrilha vermelha, isso também é notório. Ou seja, podemos contar com outras entidades na luta contra a maré vermelha, não com aquelas que dependem diretamente da influência do governo.

E temos a obrigação de cobrar investigações e punições contra esses que tratam nosso país como a casa da mãe Joana, como um quintal para suas confabulações e conspirações antidemocráticas. O que é isso, companheiro? Não passarão!

Rodrigo Constantino



Revista Veja - Por LEONARDO COUTINHO e NATHALIA WATKINS. Foto: Boris Vergara / EFE - 09/11/2014 - - 19:29:39



















domingo, 9 de novembro de 2014

ALEMANHA FESTEJA O 25 ANIVERSÁRIO DA QUEDA DO MURO DE BERLIM

G1 09/11/2014 10h36 - Atualizado em 09/11/2014 10h36

Alemanha festeja o 25º aniversário da queda do Muro de Berlim . Símbolo da Guerra Fria dividiu maior cidade alemã por décadas. Neste domingo, derrubada completa 25 anos.


Da France Presse


Chanceler Angela Merkel caminha ao lado de pedaço do antigo Muro de Berlim, em cerimônia que celebra neste domingo (9) da queda da barreira5 anos (Foto: Hannibal Hanschke/Reuters)



A Alemanha iniciou neste domingo (9) os festejos para celebrar o 25º aniversário da queda do Muro de Berlim e homenager todos que, em novembro de 1989, ajudar a derrubar a ditadura do leste alemão.

É o cidadão que se encontra no centro das comemorações sob o lema 'Valor da Liberdade', ao contrário do 20º aniversário, que concentrou-se nos chefes de Estado e de Governo de todo o mundo.

Desde cedo, os visitantes começaram a se reunir ao redor de standes de vinho quente e de salsichas ante o simbólico Portão de Brandeburgo, situado no leste quando a cidade foi dividida.

Uma grande festa popular contará com orquestra clássica, estrlas do rock e ex-dissidente políticos.

O fundado do grupo Genesis, Peter Gabriel, interpretará 'Heroes', canção composta por David Bowie quando morava em Berlim Ocidental.

O dia começou com uma missa na Capela da Reconciliação, construída na 'Faixa da Morte', que separava os dois lados da cidade. Uma breve cerimônia oficial do governo alemão foi realizada sob o céu nublado e um frio penetrante, que não afugentou as dezenas de pessoas presentes.

Representantes de movimentos civis fizeram uso da palavra, enquanto que a chanceler alemã Angela Merkel e outros participantes colocaram rosas nos vestígios do Muro, para recordar os alemães orientais que tentaram fugir da ex-RDA.

'Durou muito tempo e muita gente teve de sofrer antes que fosse possível abrir o Muro', afirmou à imprensa a chanceler, que cresceu na ex-RDA e cuja carreira política começou graças aos acontecimentos de há 25 anos.

'E não apenas na Alemanha, também na Polônia, Hungria, Tchecoslováquia e em muitos outros países, e hoje temos de pensar nisso', acrescentou.

Durante uma recepção na noite de sábado, Merkel destacou que a 'a necessidade humana de liberdade não pode ser sufocada eternamente'.

Mais de um milhão de visitantes alemães e estrangeiros são esperados em Berlim neste fim de semana para comemorar o evento que pôs fim à Guerra Fria e permitiu a reunificação da Alemaha e da Europa, segundo estimativas de órgãos de turismo.

Milhares deles percorreram os 15 km de extensão do Muro, um itinerário decorado desde sexta-feira com 6.900 balões luminosos.

A cerimônia de soltura desta chamada 'Fronteira de Luz', como se chama o projeto dos balões e que acontecerá às 19H15 local (16H15 de Brasília), c de esta 'Fronteira de luz', será ao som de Ode à Alegria, de Beethoven, hino da União Europeia. Este será o auge das comemorações.

Benjamin Nemerofsky, um artista canadense de 41 anos que vive em Berlim desde 2001, percorreu a barreira feita por balões. 'A queda do Muro mudou muitas coisas na Europa, na Alemanha e em Berlim. Esta é uma cidade em que se pode ver a história do século XX em cada canto. É fascinante', declarou.

Tradicional visitante de Berlim em todo 9 de novembro, o último dirigente da URSS, Mikhail Gorbachev, de 83 anos, considerado uma grande figura da reunificação alemã, afirmou no sábado, em uma mesa redonda, que o mundo 'está à beira de uma nova Guerra Fria'. 'Alguns dizem que já começou', sentenciou.

Em 9 de novembro de 1989, depois de semanas de manifestações em massa de alemães orientais exigindo mais liberdade, o regime comunista anunciou inesperadamente que seus cidadãos poderiam viajar para o exterior a partir de então.

Horas mais tarde, os guardas da fronteira de Berlim Oriental abriram o Muro.

O 9 de novembro é, além disso, uma data muito simbólica para os alemães, já que marca o aniversário do terrível pogrom 'Noite dos Cristais Quebrados', realizado pelos nazistas em 1938.


REFLEXÕES DO BENGOCHEA

  • O FIM DE UM SÍMBOLO QUE ENVERGONHOU A HUMANIDADE...

  • Jorge Bengochea QUE MATOU E SEPAROU FAMÍLIAS...

  • Jorge Bengochea A DERRUBA EMOCIONOU O MUNDO...

  • Jorge Bengochea DEU FIM À UM POVO SEGREGADO PELA DITADURA COMUNISTA...

  • Jorge Bengochea Corpo de uma das 74 pessoas que morreram tentando fugir da Alemanha Oriental

  • Jorge Bengochea Se a ditadura comunista fosse boa, a população não seria cerceada ou morta tentando sair do país.


OS INIMIGOS DA DEMOCRACIA

ZERO HORA 09 de novembro de 2014 | N° 17978



MARCOS ROLIM



A democracia é o regime do dissenso. Isto significa que a ordem democrática pressupõe um equilíbrio no conflito e uma estabilidade que não se ancora em conteúdos, mas em procedimentos. A liberdade de expressão é direito humano pelo qual as opiniões devem transitar pelo espaço público com legitimidade. Não por acaso, a primeira providência das ditaduras é fulminá-la. Um dos sintomas da destruição da ordem democrática é o discurso único e a perseguição à dissidência. Nos regimes totalitários em que se pretende o domínio absoluto , o monolitismo envolve não apenas o discurso, mas toda manifestação autônoma. A liberdade de expressão, entretanto, não se confunde com a irresponsabilidade, nem pode ser invocada para violar a democracia. Determinadas expressões, no mais, caracterizam postura criminosa como a calúnia, a difamação e a injúria ou a incitação à violência.

Tratemos de dois episódios. O primeiro: no dia 14 de outubro, haveria um debate na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) sobre a experiência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O evento deveria lançar o livro Os donos do morro, uma avaliação exploratória do impacto das UPPs no Rio de Janeiro, pesquisa coordenada pelo sociólogo Ignácio Cano. Então, um grupo de estudantes impediu o debate aos gritos, em protesto contra a presença, entre os painelistas, do comandante das UPPs, coronel Frederico Caldas. A propósito: o livro faz um balanço crítico das UPPs, e o coronel estava lá disposto a interagir com a comunidade acadêmica de forma respeitosa. O grupo que organizou o “esculacho” se considera “de esquerda”. O episódio, entretanto, espelha postura fascista pela qual o debate é interditado pela força.

Segundo episódio: algumas centenas de pessoas em ato público na Avenida Paulista, no dia 1º de novembro, propõem impeachment da presidente Dilma.

Aplaudem Eduardo Bolsonaro, deputado eleito pelo PSC, o músico Lobão e a PM. Xingam Cuba e Venezuela, constrangem jornalistas e ameaçam pessoas identificadas como “comunistas”. Cartazes e faixas pedem “Intervenção militar já”. O que esses manifestantes de extrema direita fazem é solapar a democracia. Valem-se dela para destruí-la, disseminando preconceito e ódio. Os estudantes de inspiração maoista que terminaram com um debate democrático na Uerj deviam ser responsabilizados pela ofensa. Os cro-magnons da Paulista que estão propondo o golpe deveriam passar um tempo na prisão ouvindo discos do Lobão e lendo Veja. Se não por outro motivo, porque a democracia não pode transigir com seus inimigos; ainda quando eles pareçam apenas tolos.

Jornalista

 

sábado, 8 de novembro de 2014

TRAPALHADA BOLIVARIANA



O Estado de S.Paulo 08 Novembro 2014 | 02h 03


OPINIÃO



Quem tem amigos do peito como a Venezuela não precisa de inimigos. Em circunstâncias nebulosas, sem o conhecimento de Brasília, o governo de Caracas firmou com o MST, na cidade paulista de Guararema, convênios pelos quais se compromete a ensinar o povo brasileiro a "seguir avançando na construção de uma sociedade socialista". Muitos dias depois, na última quarta-feira, o governo brasileiro finalmente protestou junto aos muy amigos. Não necessariamente pelo conteúdo dos tais convênios, mas porque o ex-chanceler e, desde setembro, ministro do Poder Popular para as Comunas e os Movimentos Sociais, Elías Jaua, veio ao Brasil para assiná-los sem informar o Itamaraty. E ainda andou se metendo em confusão policial. Uma típica trapalhada bolivariana.

É de imaginar que os petistas tenham ficado aborrecidos com a falta de consideração dos venezuelanos, que, se tivessem sido menos egoístas e mais solidários, teriam possibilitado a realização de um magnífico evento popular em Guararema, talvez até com a presença de Lula com o boné do MST e falando mal da elite.

Mas, diante de uma desfeita que não se pode ignorar nem quando se trata de amigos fraternos, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, depois de ouvir a presidente Dilma Rousseff, convocou o encarregado de negócios da Venezuela no Brasil, Reinaldo Segovia (o embaixador está viajando), para comunicar a "estranheza" do governo brasileiro com o comportamento de Jaua, reclamar que o lamentável episódio pode significar uma "interferência nos assuntos internos do País" e cobrar explicações do governo de Caracas. Para Figueiredo, "o fato não se coaduna com o excelente nível das relações entre os dois países".

Os convênios foram assinados no fim do mês passado, numa escola do MST onde são ministrados cursos de formação política para militantes de movimentos sociais. Segundo a organização, os tais convênios com os venezuelanos objetivam apenas "a troca de experiências na área da agroecologia". O governo venezuelano, porém, conta uma história diferente.

No dia 28, antes mesmo do regresso de Jaua a Caracas, o governo bolivariano anunciou aquilo que nem o Palácio do Planalto sabia: "No marco da visita ao Brasil do vice-presidente de Desenvolvimento do Socialismo Territorial, Elías Jaua, foram assinados (...) vários acordos nas áreas de formação e desenvolvimento da produtividade comunal entre o Governo Bolivariano" e o MST. E a nota acrescentava que, segundo Jaua, os convênios têm como objetivo incrementar o intercâmbio de experiências para "fortalecer o que é fundamental em uma revolução socialista, que é a formação, a consciência e a organização do povo para defender suas conquistas e seguir avançando na construção de uma sociedade socialista".

Não bastasse a desfeita ao Itamaraty, a estada de Jaua no Brasil envolveu um constrangedor episódio policial. O ministro viajou acompanhado da mulher, que foi submetida a uma cirurgia de emergência em São Paulo. Talvez com a agenda tomada por assuntos mais importantes, Jaua chamou, para fazerem companhia à paciente, a sogra, os filhos e a babá destes. Ao desembarcar em Guarulhos, a babá foi presa em flagrante pela PF e permaneceu detida por quatro dias pelo porte de uma arma que, depois ficou esclarecido, estava numa maleta com documentos que Jaua encomendara à funcionária.

Apurou-se em Brasília que o Itamaraty ficou sabendo da presença de Jaua no Brasil pela PF. E ninguém foi capaz de explicar o que estava acontecendo, até porque o governo brasileiro faz questão de manter "um excelente nível de relações entre os dois países", mas, de repente, viu-se surpreendido por um episódio que contraria os protocolos diplomáticos.

O fato de o Itamaraty ter demorado pelo menos uma semana para se manifestar sobre uma inadmissível interferência nos assuntos internos do País sugere que o governo petista estendeu até o limite a possibilidade de botar panos quentes na situação. Era só o que faltava para quem assistiu passivamente ao calote que o finado Hugo Chávez deu no contrato de parceria na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Gente fina.

VÍTIMAS DO NARCOTRÁFICO

ZERO HORA 08/11/2014 | 04h18


Traficantes confessam ter matado e queimado estudantes desaparecidos no México. 43 estudantes da escola Ayotzinapa, do estado de Guerrero, estavam desaparecidos desde que foram atacados pela polícia da cidade de Iguala



Familiares de vítimas fizeram uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira Foto: Pedro Pardo / AFP


Pistoleiros do narcotráfico detidos pela polícia confessaram o assassinato dos 43 estudantes desaparecidos no sul do México, cujos corpos foram queimados, em um crime que comoveu o país.

Segundo o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo Karam, os estudantes foram assassinados após policiais corruptos entregarem o grupo a membros do narcotráfico. Seus corpos, incinerados, foram colocados em sacos de lixo e jogados em um rio.

No total, 43 estudantes da escola Ayotzinapa, do estado de Guerrero, estavam desaparecidos desde que foram atacados pela polícia da cidade de Iguala, na noite de 26 de setembro, sendo entregues posteriormente a um grupo de traficantes de drogas.

De acordo com três pistoleiros, mais de 40 jovens foram levados durante a noite, em três veículos, para o lixão da cidade vizinha de Cocula, onde cerca de 15 já chegaram mortos por asfixia.



— Os corpos foram queimados na parte baixa do lixão — revelou Karam em entrevista coletiva, acrescentando que os traficantes fizeram uma fogueira com gasolina, pneus e outros elementos que ardeu durante 14 horas.

Os estudantes estavam em Iguala para arrecadar fundos para sua escola, e invadiram dois ônibus com a intenção de voltar para casa. A cidade é um conhecido feudo do cartel das drogas "Guerreiros Unidos".

Segundo os pistoleiros, os corpos calcinados foram fraturados, colocados em sacos de lixo e jogados em um rio próximo de Cocula. No lixão, peritos encontraram cinzas e alguns vestígios de ossos humanos. Murillo Karam destacou que um dos sacos foi encontrado fechado, com restos humanos que dificilmente serão identificados. Ele lembrou que até que hajam provas científicas da morte dos estudantes, o grupo continuará sendo considerado desaparecido.

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, prometeu punir todos os responsáveis pelo crime. O desaparecimento dos estudantes causou a pior crise da presidência de Peña Nieto, iniciada em 2012, com uma onda de protestos por todo o país, e pressão internacional pela solução do terrível caso.

* AFP

O MAU EXEMPLO DOS VIZINHOS

REVISTA ISTO É N° Edição: 2346 | 07.Nov.14


Como modelo para o PT, o bolivarianismo de países latino-americanos não passa de delírio. Como espantalho usado pela Oposição, vira proselitismo




Depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff, a direção do PT divulgou um documento cheio de ideias que, aparentemente, voltam a flertar com experiências políticas heterodoxas em marcha em determinados países latino-americanos. O bloco dos chamados “bolivarianos”, Venezuela, Bolívia e Equador, seriam as principais fontes de inspiração, além da Argentina, com seu velho peronismo, e do México e seu quase centenário PRI (Partido Revolucionário Institucional). A intenção básica declarada pela Executiva petista é promover mudanças na organização do Estado, por meio de “reformas democrático-populares”. Essas pequenas revoluções brotariam da pressão de comitês sociais representativos, plebiscitos, reforma política e “democratização da mídia”. Com uma opinião pública informada de modo “correto”, um Congresso amestrado e um Judiciário menos independente, o partido conseguiria ampliar, então, o controle da máquina pública e assegurar mais tempo de poder. Não é pouco.


ATROPELOS
Manifestantes chavistas (acima) são pressão constante sobre o Congresso
e a imprensa na Venezuela. Na Bolívia, o presidente Evo Morales (abaixo)
conseguiu subjugar o Poder Judiciário



Como aspiração, o bolivarianismo e afins não chega a surpreender num espectro ideológico em que não é raro encontrar saudosos da Albânia stalinista ou da liderança de um Nicolau Ceausesco. Como modelo realista, contudo, não passa de um delírio. A chance de replicar fórmulas de origens e condições ímpares, levadas a cabo em países tão díspares, carece de objetividade e bom senso. A menos que a inspiração bolivariana esconda apenas a intenção de adequar antigas recomendações bolcheviques (e então tanto sonhos como pesadelos sobre o assunto seriam pura mistificação), ela reflete, na verdade, uma profunda ignorância sobre as nações envolvidas. A história e o tamanho das populações e das economias impõe um fosso para a transposição dessas políticas. A Bolívia, por exemplo, tem um PIB de US$ 30,6 bilhões e 10,9 milhões de habitantes, a maioria de origem indígena, submetida a séculos de opressão. Depois de domar a oposição, o presidente Evo Morales, eleito para seu terceiro mandato, também subjugou o Judiciário boliviano, transformando-o numa repartição para endosso de suas ações. Para reinar sobre os tribunais, Evo não precisou mais do que caneta e tinta. O governo da Venezuela, país de 31 milhões de habitantes, PIB de US$ 438,3 bilhões, não enfrentou maiores problemas para fazer quase o mesmo que Evo. Seria razoável, porém, esperar tamanha facilidade num Brasil de 203 milhões de habitantes, PIB de US$ 4,8 trilhões, com uma economia sofisticada, sociedade civil bem mais complexa e estável, sustentado sobre pilares de instituições livres e ativas? Associações de magistrados, ordem de advogados, Ministério Público, imprensa, empresariado e Congresso estariam prontos para se curvar? E os brasileiros, resignados ao silêncio?

Organizações populares sem a bênção das urnas, plebiscitos em série para alterar a Constituição e reforma política tendenciosa, enfrentariam no Brasil uma resistência inimaginável em plagas bolivarianas. Idem para os controles sobre a imprensa livre. Os chavistas na Venezuela avançaram brutalmente contra jornais e redes de TV, em 2002, incentivando, contrabandeando armas e participando de um golpe de estado que dissolveu Congresso e Judiciário, mas só teve fôlego para durar dois dias. Não há paralelo brasileiro em nenhuma das duas pontas. Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner conseguiu aprovar o desmembramento do grupo de comunicação Clarín, de oposição a seu governo. As condições que permitiram o bote de Cristina começam pelo poder de seu partido, o Justicialista, uma força entranhada nos movimentos sindicais históricos, capaz de impedir, desde 1930, que agremiações adversárias concluam mandatos presidenciais. Entre um ilusório namoro petista com o peronismo e as condições concretas para essa transfiguração vai, enfim, uma distância soviética. Outro sonho suspeito atribuído a setores petistas seria transformar o partido num imenso PRI. Nesse ponto, as lonjuras são ainda mais acentuadas. Fundado em 1929 para acomodar os veteranos da heroica revolução mexicana, o PRI manteve-se no poder até o ano 2000, longevidade que lhe permitiu arrumar lugar para acomodar também seus inimigos: os latifundiários, a Igreja e os interesses americanos. O PRI infiltrou-se na máquina pública do país corrompendo-a até a raiz. É crível que o Brasil do século XXI desabe num precipício semelhante?


ATAQUE PERONISTA
A presidente argentina Cristina Kirchner fecha o cerco contra os
veículos de comunicação que não seguem sua cartilha

E a Petrobras, corre o risco de virar uma PDVSA venezuelana? Mesmo levando em conta a octanagem dos esquemas de corrupção em que jogaram a estatal brasileira, ela é uma empresa de capital aberto, devendo responder aos acionistas. A própria história da PDVSA lhe confere outro caráter. Criada em 1976 no embalo de políticas que nacionalizaram gás, petróleo e ferro na Venezuela, a estatal já nasceu aparelhada pela cleptocracia que saqueou o país. Uma elite que acabou sucumbindo em lutas por partilha até o surgimento de Hugo Chávez, o caudilho teatral eleito em 1998, anos depois de comandar um golpe militar desastrado. Cerca de 90% das reservas cambiais da Venezuela provêm do petróleo.

Deixando-se de lado um eventual oportunismo maroto, o bolivarianismo só pode ser agitado como bandeira governista à custa de uma profunda ignorância sobre os países que o adotam e um desconhecimento também rotundo sobre a realidade brasileira. O mesmo acontece quando é sacudido como espantalho. O medo da ameaça bolivariana que perturba almas oposicionistas também não não passa de proselitismo barato.

Fotos: Fernando Llano)/AP Photo; David Mercado/Reuters; Juan Mabromata/AFP Photo

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

FIMES QUE RETRATAM A DITADURA MILITAR NO BRASIL



Redação Pragmatismo Editor(a) 31/Mar/2014 às 15:51


11 filmes para entender a ditadura militar no Brasil

Onze filmes que fazem um diagnóstico de como o cinema retratou a ditadura militar no Brasil


Das sessões de tortura aos fantasmas da ditadura, o cinema brasileiro invariavelmente volta aos anos do regime militar para desvendar personagens, fatos e consequências do golpe que destituiu o governo democrático do país e estabeleceu um regime de exceção que durou longos 21 anos. Estreantes e veteranos, muitos cineastas brasileiros encontraram naqueles anos histórias que investigam aspectos diferentes do tema, do impacto na vida do homem comum aos grandes acontecimentos do período.


Cena de Batismo de Sangue (Reprodução)

Embora a produção de filmes sobre o assunto tenha crescido mais recentemente, é possível encontrar obras realizadas durante o próprio regime militar, muitas vezes sob a condição de alegoria. “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, é um dos mais famosos, retratando as disputas políticas num país fictício. Mais corajoso do que Glauber foi seu conterrâneo baiano Olney São Paulo, que registrou protestos de rua e levou para a tela em forma de parábola, o que olhe custou primeiro a liberdade e depois a vida.

Os onze filmes que compõem esta lista, se não são os melhores, fazem um diagnóstico de como o cinema retratou a ditadura brasileira.

1. MANHÃ CINZENTA (1968), Olney São Paulo – Em plena vigência do AI-5, o cineasta-militante Olney São Paulo dirigiu este filme, que se passa numa fictícia ditadura latino-americana, onde um casal que participa de uma passeata é preso, torturado e interrogado por um robô, antecipando o que aconteceria com o próprio diretor. A ditadura tirou o filme de circulação, mas uma cópia sobreviveu para mostrar a coragem de Olney São Paulo, que morreu depois de várias sessões de tortura, em 1978.

2. PRA FRENTE, BRASIL (1982), Roberto Farias – Um homem comum volta para casa, mas é confundido com um “subversivo” e submetido a sessões de tortura para confessar seus supostos crimes. Este é um dos primeiros filmes a tratar abertamente da ditadura militar brasileira, sem recorrer a subterfúgios ou aliterações. Reginaldo Faria escreveu o argumento e o irmão, Roberto, assinou o roteiro e a direção do filme, repleto de astros globais, o que ajudou a projetar o trabalho.

3. NUNCA FOMOS TÃO FELIZES (1984), Murilo Salles – Rodado no último ano do regime militar, a estreia de Murilo Salles na direção mostra o reencontro entre pai e filho, depois de oito anos. Um passou anos na prisão; o outro vivia num colégio interno. Os anos de ausência e confinamento vão ser colocados à prova num apartamento vazio, onde o filho vai tentar descobrir qual a verdadeira identidade de seu pai. Um dos melhores papéis da carreira de Claudio Marzo.

4. CABRA MARCADO PARA MORRER (1984), Eduardo Coutinho – A história deste filme equivale, de certa forma, à história da própria ditadura militar brasileira. Eduardo Coutinho rodava um documentário sobre a morte de um líder camponês em 1964, quando teve que interromper as filmagens por causa do golpe. Retomou os trabalhos 20 anos depois, pouco antes de cair o regime, mesclando o que já havia registrado com a vida dos personagens duas décadas depois. Obra-prima do documentário mundial.

5. O QUE É ISSO, COMPANHEIRO? (1997), Bruno Barreto – Embora ficcionalize passagens e personagens, a adaptação de Bruno Barreto para o livro de Fernando Gabeira, que narra o sequestro do embaixador americano no Brasil por grupos de esquerda, tem seus méritos. É uma das primeiras produções de grande porte sobre a época da ditadura, tem um elenco de renome que chamou atenção para o episódio e ganhou destaque internacional, sendo inclusive indicado ao Oscar.

6. AÇÃO ENTRE AMIGOS (1998), Beto Brant – Beto Brant transforma o reencontro de quatro ex-guerrilheiros, 25 anos após o fim do regime militar, numa reflexão sobre a herança que o golpe de 1964 deixou para os brasileiros. Os quatro amigos, torturados durante a ditadura, descobrem que seu carrasco, o homem que matou a namorada de um deles, ainda está vivo –e decidem partir para um acerto de contas. O lendário pagador de promessas Leonardo Villar faz o torturador.

7. CABRA CEGA (2005), Toni Venturi – Em seu melhor longa de ficção, Toni Venturi faz um retrato dos militantes que viviam confinados à espera do dia em que voltariam à luta armada. Leonardo Medeiros vive um guerrilheiro ferido, que se esconde no apartamento de um amigo, e que tem na personagem de Débora Duboc seu único elo com o mundo externo. Isolado, começa a enxergar inimigos por todos os lados. Belas interpretações da dupla de protagonistas.

8. O ANO EM QUE MEUS PAIS SAIRAM DE FÉRIAS (2006), Cao Hamburger – Cao Hamburger, conhecido por seus trabalhos destinados ao público infantil, usa o olhar de uma criança como fio condutor para este delicado drama sobre os efeitos da ditadura dentro das famílias. Estamos no ano do tricampeonato mundial e o protagonista, um menino de doze anos apaixonado por futebol, é deixado pelos pais, militantes de esquerda, na casa do avô. Enquanto espera a volta deles, o garoto começa a perceber o mundo a sua volta.

9. HOJE (2011), Tata Amaral – Os fantasmas da ditadura protagonizam este filme claustrofóbico de Tata Amaral. Denise Fraga interpreta uma mulher que acaba de comprar um apartamento com o dinheiro de uma indenização judicial. Cíclico, o filme revela aos poucos quem é a protagonista, por que ela recebeu o dinheiro e de onde veio a misteriosa figura que se esconde entre os cômodos daquele apartamento. Denise Fraga surpreende num papel dramático.

10. TATUAGEM (2013), Hilton Lacerda – A estreia do roteirista Hilton Lacerda na direção é um libelo à liberdade e um manifesto anárquico contra a censura. Protagonizado por um grupo teatral do Recife, o filme contrapõe militares e artistas em plena ditadura militar, mas transforma os últimos nos verdadeiros soldados. Os soldados da mudança. Irandhir Santos, grande, interpreta o líder da trupe. Ele cai de amores pelo recruta vivido pelo estreante Jesuíta Barbosa, que fica encantado pelo modo de vida do grupo.

11. BATISMO DE SANGUE (2007) – Apesar do incômodo didatismo do roteiro, o longa é eficiente em contar a história dos frades dominicanos que abriram as portas de seu convento para abrigar o grupo da Aliança Libertadora Nacional (ALN), liderado por Carlos Marighella. Gerando desconfiança, os frades logo passaram a ser alvo da polícia, sofrendo torturas físicas e psicológicas que marcaram a política militar. Bastante cru, o trabalho traz boas atuações do elenco principal e faz um retrato impiedoso do sofrimento gerado pela ditadura.

Cinema Uol e Literatortura

sábado, 1 de novembro de 2014

REDES NADA SOCIÁVEIS

REVISTA ISTO É Edição: 2345 | 31.Out.14


As mídias sociais da internet ainda vivem sob o clima de guerra que se instalou com as eleições e provocou inimizades entre os usuários


Cesar Soto



Danusa Maroto, uma analista de planejamento de 29 anos moradora de Santo André, a cidade que representa o A do ABC Paulista, por pouco não encerra uma amizade familiar por conta das eleições deste ano. Filha de nordestinos, Danusa ficou revoltada quando viu a namorada de seu irmão, a atriz Caroline Santos, 20 anos, postar comentários ofensivos no Facebook atribuindo a reeleição da presidenta Dilma Rousseff aos brasileiros da região Nordeste. “Eu lembrei que a sogra dela era uma nordestina, mas ela estava tão inflamada pelo resultado que piorou o discurso. Não tive dúvida, fiz o bloqueio na hora, para não agravar as coisas”, diz, que viu o irmão ter de entrar no meio da discussão para não deixar que a briga escalasse para níveis irreparáveis entre as cunhadas.



Danusa e Aline, felizmente, acertaram os ponteiros depois de trocas de mensagens pelo celular, em que a futura cunhada pedia desculpas pelos comentários desmedidos na rede. Casos de rupturas temporárias em amizades próximas e antigas como a das duas foram rotina nestas eleições, em especial na polarização que tomou conta do País no segundo turno. De uma hora para outra o Brasil foi dividido em “coxinhas” e “petralhas”, que passaram a guerrear nas redes sociais como se inimigos étnicos milenares fossem.

Os embates, algumas vezes repletos de golpes baixos, foram reflexo – e também razão – da maneira como os principais candidatos à Presidência da República utilizaram o Facebook, o Twitter, o WhatsApp e o Instragram ao longo da corrida pelo Planalto. Nunca na história das eleições brasileiras a disputa por votos foi tão intensa e tão importante na internet como em 2014. Prova disso são os números divulgados pelo Facebook logo após o fim do segundo turno. De acordo com a maior rede social do planeta, o tema eleições foi mencionado 647 milhões de vezes durante a campanha no País. “Foi o maior acontecimento já mensurado pelo Facebook no mundo”, afirma Bruno Magrani, diretor de relações institucionais da companhia americana no Brasil. Nem mesmo as eleições na Índia, país com mais de 1 bilhão de habitantes, ou a reeleição de Barack Obama, em 2012, movimentaram o Facebook com tamanha intensidade.


BRIGA
Por pouco Aline (esq.) e Danusa não rompem uma amizade de mais
de dois anos por conta de comentários postados no Facebook
sobre a campanha presidencial

Não à toa. Jamil Marques, professor da Universidade Federal do Ceará e um dos organizadores do livro “Do Clique à Urna: Internet, Redes Sociais e Eleições no Brasil” (Edufba, 2013), acredita que as redes sociais tiveram um peso importante na definição dos vencedores no pleito de 2014. “Os partidos querem que o eleitor se engaje na militância, influenciando de forma indireta os indecisos”, diz ele. Hoje só o Facebook tem quase 90 milhões de usuários no Brasil, sendo 68 milhões com acesso via telefones celulares. “Quanto mais acirrada a disputa, maior será o uso de táticas negativas para desconstruir o adversário”, avalia.

Tanto o comitê do PSDB quanto o do PT informam, apenas por nota, que estimulam as pessoas a seguir os princípios da campanha limpa. Mas a internet é livre, defendem-se os comitês, alegando não ter controle sobre o que os correligionários postam. Não é, no entanto, o que mostra uma pesquisa feita pela consultoria Conversion. As publicações de propostas foram minorias nas páginas oficiais dos candidatos no Facebook, segundo a consultoria. No conteúdo publicado pelo tucano Aécio Neves, 72% eram constituídos de autopromoção, 10% de ataques à adversária e 18% de propostas. Dilma, que publicou o dobro de vezes que Aécio, tem número ainda menor: apenas 12% de propostas, com 26% de ataques e 62% de autopromoção. De acordo com o estudo, publicações propositivas têm 40% menos engajamento do público que as demais.



O comportamento dos candidatos, é claro, encontra eco entre os eleitores. “Nas redes, acontece uma bola de neve. A quantidade elevada de discussões eleitorais cria uma mentalidade politizada, que, por sua vez, acaba criando novos debates, fomentando o clima acirrado”, afirma o sociólogo João Barreto, da Universidade Federal da Bahia. Danusa e Aline que o digam.