Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

segunda-feira, 10 de março de 2014

ENTRE A FESTA E A REVOLUÇÃO



ZERO HORA 09 de março de 2014 | N° 17727


EDITORIAL INTERATIVO


O editorial ao lado foi publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na quinta-feira, com links para Facebook e Twitter. Os comentários para a edição impressa foram selecionados até as 18h de sexta-feira. A questão proposta aos leitores foi a seguinte: O Brasil não precisa de revolução para se transformar num país melhor. Você concorda?

Artigo publicado na última semana pelo jornal El País, da Espanha, assinado pelo correspondente no Brasil Juan Arias, jornalista e escritor reconhecido na Europa, destaca a ausência de manifestações e protestos durante o Carnaval e afirma que os brasileiros têm mais simpatia pela festa do que pela revolução. Onde estavam os black blocs? pergunta o espanhol, lembrando que os manifestantes, assim como criminosos, a polícia e até mesmo os políticos, estavam todos envolvidos na celebração coletiva. Embora reconheça a imprevisibilidade do que acontecerá agora com a Copa e com as eleições presidenciais, o analista conclui que a opção dos brasileiros é pelo jeitinho e por soluções transversais para os conflitos, razão pela qual muitas pessoas se sentiram aliviadas com o radicalismo que os excluiu das manifestações, pois assim não precisam mais ir para as ruas pedir mudanças. Pode parecer uma interpretação sociológica superficial de um estrangeiro, mas merece atenção neste momento em que o país se prepara, efetivamente, para a retomada das atividades normais se é que pode haver normalidade num ano de Copa e eleições.

Se é verdade que preferimos a festa à revolução, o que poderia ser confirmado com algumas das grandes transformações políticas do país que foram efetivadas sem mortos nem feridos, embora já tenhamos também protagonizado conflitos sangrentos, a nossa índole pacífica não pode servir de pretexto para o imobilismo. Independentemente de Carnavais e jeitinhos, precisamos avançar para novos patamares de desenvolvimento, precisamos superar mazelas persistentes como a criminalidade e os maus serviços públicos, precisamos desenvolver uma nova cultura ética, combater a corrupção e aperfeiçoar a democracia. Se fizermos tudo isso com alegria, melhor.

Não podemos, porém, deixar que o espírito festivo mascare problemas históricos e recentes. Nem que a repulsa à violência dos black blocs inviabilize mecanismos de acompanhamento e cobrança sobre os representantes políticos, por serviços qualificados e pela destinação correta dos recursos públicos. Vivemos um momento de plena liberdade no Brasil. Não podemos desperdiçá-lo. Entre os extremos da festa e da revolução, há outros pontos que os brasileiros podem alcançar sem comprometer a sua identidade, como educação transformadora, segurança pública, serviços eficientes de saúde, melhor infraestrutura e governança íntegra.

Como se faz tudo isso? Com trabalho, justiça e cidadania, certamente. Mas também com festas como o Carnaval, que não deixa de ser uma revolução permanente de criatividade, tolerância e diversidade.

OPINIÃO DO LEITOR

CONCORDA

O Brasil precisa construir as instituições certas para ser um país melhor. Esse processo é gradual. Trata-se de uma evolução, não de uma revolução. Um exemplo muito pertinente é o Chile. Nas últimas décadas, com a adoção das instituições corretas, o Chile tem se desenvolvido econômica e socialmente. Se o Chile mantiver os mesmos princípios, em 10 anos terá condições de vida semelhante à de países europeus. As instituições a que me refiro são as leis e as práticas que protegem a propriedade privada, a livre iniciativa e as liberdades individuais, como a liberdade de expressão e de imprensa. Além disso, regras que limitem o crescimento do Estado são fundamentais. A democracia é um perigo à própria democracia, pois, à medida que as pessoas pedem por mais e mais direitos do Estado, este cresce para atender esses pedidos, retirando o espaço para as liberdades essenciais à própria democracia. Espero que o Brasil tome a direção de países como o Chile, democrático, dinâmico e próspero. Um país melhor se constrói dia a dia. Se a direção certa for tomada, é claro.

Vasco Maestri Trindade – Hong Kong

O Brasil não precisa de revolução para se transformar num país melhor. Basta uma reforma pública administrativa e política nas maiores instâncias do poder: Câmara e Senado.

Alcione Dal Alba Pilger – Braga (RS)

Não concordo. Recentemente, o senador Sarney esteve em Porto Alegre, quando foi arguido por um jornalista sobre a reforma política. E sua resposta: vocês acham que os políticos vão mudar o sistema que os elegeu? As reformas são cobradas desde a época da Revolução de 1964, os militares assumiram e, com a volta dos civis, a cada ano é maior o corporativismo entre os políticos, e no entanto estão lá para representar o povo. Todos os anos, se ouve falar em reformas, e nada acontece. Se os políticos não se acordarem, certamente, teremos uma nova revolução.

Roberto Mastrangelo Coelho – Porto Alegre (RS)

DISCORDA

A revolução do povo sempre foi o decisor para termos democracias e governos que busquem representar sua nação. No momento em que os governantes da nação começam a ir para o lado inverso aos interesses da maioria, precisamos, sim, de outra revolução, seja nas urnas, nas ruas, ou onde quer que ela atinja seu objetivo. É um remédio amargo, que nem todos aceitam, mas necessário.

Juliano Pereira dos Anjos – Esteio (RS)

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