Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

UM SOLDADO EMBAIXO DA CAMA



ZERO HORA 29 de janeiro de 2014 | N° 17688

ARTIGOS


por Franklin Cunha*


“Todo império tem que saber o que fazem os que estão sob seu domínio. O mais grave no império bélico-informático atual é que seu domínio não tem limites.” José Pablo Feinmann in Filosofia política del poder mediático, Editora Planeta, Buenos Aires.

Julian Assange, no seu exílio na embaixada equatoriana em Londres, escreveu um livro, Cypherpunks, do qual extraímos alguns trechos.

“Agora existe uma ocupação militar do ciberespaço. Quando nos comunicamos com a internet ou através de telefones celulares, agora estão entrelaçados com a rede mundial, nossas comunicações estão sendo interceptadas por organizações de espionagem militar. Estamos sob uma lei marcial no que respeita a nossas comunicações. Tanto que a internet, que originalmente estava inserida num espaço civil, se converteu em um espaço militarizado. Enfim, todos nós temos um soldado embaixo de nossas camas.”

Todo o mundo conversa com todo o mundo, pois no Brasil já existem mais telefones celulares do que habitantes. As pessoas já colocam o aparelho debaixo do travesseiro, senão não podem dormir. Seu sinal é imediatamente respondido e tudo o que sai dele é muito importante. Não nos damos conta de que essa importância não está na mensagem, mas no meio. Enfim, na verdade, o telefone móvel se apossou de seu usuário e seu eventual extravio põe o proprietário e a família inteira em estado de alerta e até de pânico. Inicialmente, ele era usado para mensagens importantes, de certa urgência e utilidade, hoje qualquer conversa de absoluta inutilidade pode demorar longos e caros minutos.

O mais grave é que Jules Assange em recente entrevista (agora confirmado por Edgar Snowden) denunciou uma nova situação mundial na qual a “Agência de Segurança Nacional dos EUA e o Google se associaram na tarefa de ciberseguridade por razões patrióticas de defesa nacional”.

Com estas notícias, ficamos pensando que o 1984 do Orwell pode hoje ser lido como uma historinha para crianças diante da abrangência totalizadora de todos os meios de comunicação.

E se Orwell escreveu sua história pensando no regime soviético, hoje o Grande Irmão surpreenderia o autor de 1984 ao situá-lo na outrora democracia, sede do capitalismo mundial. E, antes de Orwell, um russo, Euguenyi Zamiatin, na sua novela intitulada Nós de 1922, ao denunciar o regime soviético, profetizava o que aconteceria numa fantástica distopia baseada no controle e na uniformização do pensamento. Dizia Zamiatin: “O que permite este fato é a matematização do real, onde as tábuas dos mandamentos horários sincronizam as atividades produtivas e as lúdicas, permitindo a uniformização das pessoas a tal ponto que um dia se chegará à abolição do indivíduo”.

E quando se vê e se observa que em todas as salas de espera se encontram sistematicamente as mesmas revistas e jornais e quando, às 20h de todas as noites, todas as classes sociais assistem às mesmas novelas e às mesmas notícias, “a fantástica distopia” de Zamiatin e o Grande Irmão de Orwell já são uma poderosa realidade.

E já vivemos no Brave New World, de Huxley.

*MÉDICO

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