Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

domingo, 22 de julho de 2012

OS DONOS DA VACA

ZERO HORA 22 de julho de 2012 | N° 17138. ARTIGOS

Flávio Tavares, jornalista e escritor

A celeuma sobre se a divulgação dos salários, e outros penduricalhos, dos superfuncionários públicos (principalmente os do Legislativo) ofende “o direito à privacidade” é polêmica tola, só admissível por nossa cegueira. A remuneração do funcionalismo não vem do Estado, mas do povo que mantém o Estado que, no caso, é mero repassador de dinheiro. O governo é canal transmissor, arrecada para aplicar na serventia à população, tem a guarda do dinheiro, mas não é seu dono.

Os donos somos nós, os contribuintes. Só as antigas monarquias (que se diziam instituídas pela divindade) se consideravam “donas” de tudo, do direito à terra ou à água. Exigiam pagamento aos súbditos não como intermediárias de serviços prestados, mas porque se apropriavam até das pessoas. Para mimar aos achegados, por exemplo, abdicavam de certas regalias e concediam aos senhores feudais o “jus primae nocte” – o direito à primeira noite nupcial com as noivas dos servos.

Aqui, o país inteiro abomina a fraude e se queixa da corrupção, mas foi preciso criar uma lei para termos direito a conhecer os truques da burocracia. E, assim, por exemplo, soube-se que a recepcionista do gabinete de um deputado do PDT na Assembleia Legislativa, cuja única função é atender telefonemas, ganha mais de R$ 24 mil ao mês!

O serviço é tão extenuante e debilita tanto que é feito apenas em meio turno! A própria beneficiária revelou que é norma conceder “gratificações” a quem esteja em dificuldades por ter-se excedido no cheque especial! Essa transparência contrasta com o pequeno grupo dos “marajás” que, pelo país inteiro, esperneia para manter os salários em segredo. No Senado e na Câmara Federal, centenas de funcionários recebem de 40 a 50 mil reais ao mês. No Legislativo gaúcho, há remunerações de R$ 30 mil.

Mas as professoras tiveram de brigar para receber acima dos R$ 791 que lhes pagavam até meses atrás, quando o governo orgulhou-se em afirmar que o salário médio era alto – uns R$ 1.600. Uma professora de “salário alto” levará 16 meses para igualar-se aos 30 dias da telefonista de deputado!

Por que só quem tem altíssima remuneração busca o segredo? Os bombeiros ou os soldados da Brigada, que se expõem ao perigo ou à sanha da bandidagem, não pedem sigilo para seus R$ 1.400 ao mês. Só no atual governo foram ouvidos e, com muita luta, obtiveram aumento.

O erário pertence aos cidadãos e, portanto, nada mais justo que se saiba o que é feito com no$o$ cifrõe$.

Sigilo, só para os corruptos, a não ser que se legalize a corrupção e o roubo, como alguns querem legalizar o comércio de maconha e cocaína. Ou então, que se ponha em prática aquela piada sobre a CCPV.

Lembram-se? Tens duas vacas. Uma delas é roubada e ficas com apenas uma no exato momento em que senadores e deputados criam a CCPV – Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca, transformando em lei uma Medida Provisória da presidente da República. Um fiscal vem e lavra um auto de infração, porque embora tenhas recolhido corretamente a CCPV, o valor descrito na lei redigida pelos ilustres parlamentares deve calcular-se pelo número de vacas presumidas e não pelas vacas agora em teu poder, pois a tendência do país é crescer, não estancar-se. A Receita Federal aplica a lei e, pelos dados também presumidos do teu consumo de leite, queijo e manteiga, ou pelos berros que se ouvem no curral, presume que tenhas 200 vacas.

Arma-se, então, o problema e te livras da encrenca dando a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo... Enfim, quem é mesmo o dono da vaca?

ENTRE O DIREITO E O ABUSO

ZERO HORA 22 de julho de 2012 | N° 17138

EDITORIAL

O país acompanhou esta semana desconcertantes manifestações de servidores públicos por melhores salários e reformas em seus planos de carreira. Comandados pelo Fórum Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais, que reúne 33 associações sindicais, milhares de funcionários em greve fizeram passeatas em Brasília, pararam o trânsito na Esplanada dos Ministérios, bloquearam a entrada de instituições públicas e gritaram palavras de ordem contra o governo, acusando-o de utilizar a crise econômica como pretexto para não atender às suas reivindicações. Na semana anterior, depois de ter sido vaiada em São Bernardo do Campo e no Rio de Janeiro por manifestantes, a presidente Dilmar Rousseff chegou a autorizar o Ministério do Planejamento e Gestão a cortar o ponto dos grevistas.

A greve é um direito do trabalhador, seja ele pertencente à iniciativa privada ou ao serviço público. Este direito está garantido a todos os brasileiros pelo artigo 9º da Constituição Federal. Já o capítulo da Carta destinado à Administração Pública diz, no seu artigo 37, que o direito de greve do servidor público será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Como a referida lei não foi aditada até hoje, fica o vácuo legislativo para interpretação de julgadores, que raramente admitem qualquer penalização aos servidores grevistas.

Mesmo quando o Executivo autoriza corte de ponto e desconto salarial, a regra geral tem sido a anistia. Por isso, as greves do setor público tornaram-se muito mais frequentes do que no setor privado, onde o mesmo direito do trabalhador tem uma contrapartida rigorosa em suspensão de pagamento e até mesmo em demissão.

Só que as paralisações do serviço público costumam causar danos maiores à sociedade, pela absoluta inexistência de alternativa para os usuários. Quando os professores universitários suspendem suas atividades, como vem ocorrendo há mais de dois meses, milhares de estudantes ficam impossibilitados de dar sequência aos estudos e de galgar outros degraus de sua formação. Quando os trabalhadores da saúde pública cruzam os braços, a população mais carente fica sem atendimento. Quando os agentes da burocracia oficial param de trabalhar, os cidadãos ficam sem soluções para suas demandas.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Já previ isto nos meus blogs sobre os efeitos das disparidades e abusos promovidos pelas políticas salariais nos Poderes de Estado no Brasil. Vejo estas mobilizações dos servidores públicos como uma reação contra a discriminação do servidor público que trabalha em cargos de execução em relação aos cargos dirigentes. Agrega também a ultrapassagem dos limites da tolerância em relação à situação de precariedade dos serviços públicos em relação à demanda, onde os funcionários executores sem poder de solução são os que recebem a maior carga de aflição e reação indignada da população. 

sexta-feira, 20 de julho de 2012

CASO CACHOEIRA: AMEAÇAS, DESAPARECIMENTO E MORTE

20/07/2012 

RICARDO SETTI - VEJA.COM
 

Caso Cachoeira: um delegado desaparecido, outro assassinado, um juiz e uma procuradora ameaçados de morte: o que falta para que o ministro da Justiça decrete uma ação de emergência da Polícia Federal?

O delegado Hylo, na foto concedendo uma entrevista à TV: citado em telefonemas de Cachoeira, está desaparecido desde o dia 14 (Foto: tvcmn.com.br)

O delegado da polícia de Goiás Hylo Marques Pereira, citado em conversas telefônicas do malfeitor Carlinhos Cachoeira gravadas com autorização da Justiça, está desaparecido há seis dias.
Este é o mais recente fato estranho e grave ligado, de alguma forma, às investigações sobre Cachoeira e seus tentáculos.

O agente da Polícia Federal Wilson Tapajós Macedo atuou na chamada Operação Monte Carlo, que levou à prisão de Cachoeira, participou desta prisão e, com seu trabalho, ajudou a por a nu as relações promíscuas do malfeitor com o mundo político políticos, além de contribuir para a desgraça política do ex-senador Demóstenes Torres.

Tapajós: importante na investigação da Operação Monte Carlos, e assssinado com dois tiros no cemitério de Brasília (Foto: Perfil no Facebook)
 
Foi assassinado a tiros no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. A PF diz já ter dois suspeitos, cuja captura estaria “próxima”. Sem mais detalhes.

Antes, recebera ameaças anônimas.

Ameaça de morte: o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, que decretou a prisão de Cachoeira, recebeu ameaças e à família e pediu remoção do posto

O juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, da 11ª Vara Federal de Goiás, o responsável pela decretação da prisão de Cachoeira e pela autorização à Polícia Federal para interceptar telefonemas de suspeitos de integrar a quadrilha, pediu afastamento devido a ameaças diretas e indiretas a si e sua família.

A procuradora Léia Batista, ativa no caso Cachoeira pelo Ministério Público de Goiás, pediu proteção ao Conselho Nacional de Justiça em razão das ameaças de morte que recebeu.

A procuradora de Justiça Léia Batista: ameaçada de morte, pediu proteção ao Conselho Nacional de Justiça

O que mais será necessário para que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, decrete uma emergência e coloque o que puder em matéria de recursos humanos, de informação e técnicos da Polícia Federal para verificar aonde levam os fios desse novelo?

Será preciso que ocorram oito mortes suspeitas ou homicídios de possíveis testemunhas, como desgraçadamente se deu com o caso do prefeito Celso Daniel, para que se note que há algo estranhíssimo e grave em andamento?

A propósito, as oito mortes do caso Celso Daniel — estamos no Brasil — ficaram, como sabemos, por isso mesmo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

COMISSÃO DA VERDADE: VERSÃO GAÚCHA

ZERO HORA 17 de julho de 2012 | N° 17133

VERSÃO GAÚCHA. Comissão vai apurar crimes no RS. Além de esclarecer casos de tortura e morte durante a ditadura, Piratini questionará Anistia


Ao lançar hoje uma versão estadual da Comissão da Verdade, o governo Tarso Genro planeja complementar o trabalho desenvolvido pelo grupo instituído pelo governo federal para esclarecer crimes cometidos pela ditadura militar (1964-1985). No Piratini, há expectativa de que a divulgação de casos de tortura e morte possa desencadear movimentos capazes de provocar a revogação da Lei da Anistia e a punição dos culpados.

– A comissão estadual não tem o papel de punir, mas o seu trabalho poderá nos levar ao patamar em que estão Uruguai e Argentina. A Suprema Corte argentina declarou a inconstitucionalidade da lei de anistia deles, que é semelhante a nossa. Se a comissão tiver sucesso, poderá ser reforçada a luta pela punição – afirma João Victor Domingues, secretário da Assessoria Superior do Governador.

O Piratini acredita que o trunfo será o relatório final da comissão. Com os relatos de atrocidades em território gaúcho, reforçados por provas documentais e depoimentos de vítimas, João Victor crê que poderá ser feita a sugestão de revisão da Lei da Anistia e de punição aos militares acusados de violação dos direitos humanos.

– Nada impede que, dependendo dos fatos revelados, se iniciem procedimentos de penalização. Isso não seria no âmbito da comissão, mas em outros organismos como o Ministério Público e o Judiciário – explica o secretário.

Governador ainda não definiu integrantes do colegiado

Apesar de a instalação da comissão ocorrer hoje, durante a Conferência Direitos Humanos, Desenvolvimento e Criminalidade Global, os seus cinco membros serão escolhidos por Tarso somente nos próximos dias. Eles não terão remuneração pela atividade.

Serão observados os critérios da reputação ilibada e histórico de defesa dos direitos humanos e da democracia. O grupo, concebido para dar suporte à Comissão da Verdade do governo federal, terá autonomia para definir o ritmo de trabalho. Outra consequência das investigações poderá ser a criação de um museu destinado a manter viva a memória dos tempos de ditadura, com a exposição de documentos, fotos, vídeos e outros itens da época.

Embora nasça como estrutura de suporte à comissão nacional, o grupo que investigará os crimes no Rio Grande do Sul se diferencia por haver a expectativa de punição aos militares, enquanto a presidente Dilma Rousseff descarta essa possibilidade na esfera federal.

Torturada pela ditadura, Dilma não demonstra empenho pela revogação da Lei da Anistia, legislação já referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O que poderá ser investigado

SEQUESTRO DOS URUGUAIOS
 - Vítimas da Operação Condor, Lilian Celiberti e Universindo Diaz foram sequestrados em Porto Alegre em novembro de 1978. Os dois, uruguaios, acabaram condenados pela ditadura do seu país a cinco anos de prisão. O chefe brasileiro da Operação Condor, o delegado do Dops Pedro Seelig, 81 anos, vive em Porto Alegre.

MÃOS AMARRADAS - Contestador do golpe militar, o sargento Manoel Raymundo Soares, então com 30 anos, foi morto pelo regime em 1966. Seu corpo foi encontrado boiando no Rio Jacuí com as mãos atadas. Como não havia censura à época – ela só veio com o AI-5, em 1968 –, os jornais deram destaque ao célebre caso.

OPERAÇÃO CONDOR - Investigação e esclarecimento de outros crimes que ocorreram no Estado. A Operação Condor foi uma aliança entre regimes militares que atuavam na América do Sul para orquestrar a repressão aos opositores das ditaduras. Envolveu países como Brasil, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai.

IDENTIFICAÇÃO DE LOCAIS - Busca por provas e indícios que apontem os locais onde ocorreu tortura no Estado durante a ditadura. Até então, sabe-se que violações aos direitos humanos ocorreram em um casarão da Rua Santo Antônio, onde funcionou o Dopinha, e no atual Palácio da Polícia, na Avenida Ipiranga, à época sede do Dops.

QUEDA DO PIB: PESADELO GAÚCHO

ZERO HORA 17/07/2012

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA

Pesadelo para os gaúchos

A notícia da queda de 1,8% no PIB gaúcho no primeiro trimestre deste ano deve acender uma luz amarela no Palácio Piratini. Porque, embora o discurso seja de que PIB e arrecadação não são irmãos siameses, e o governo até mostre que a arrecadação tem crescido mais do que o PIB, é evidente que uma desaceleração da economia terá impacto negativo nas contas públicas.

Os efeitos perversos só não terão maior impacto no ritmo das obras públicas, na qualidade dos serviços e na vida dos gaúchos porque o governo tem um colchão para amortecer a queda. Esse colchão, formado por empréstimos do BNDES e do Banco Mundial, é o que garantirá a realização de investimentos. Se dependesse apenas dos recursos da arrecadação de impostos, o investimento ficaria próximo de zero, porque o Rio Grande do Sul gasta mais do que arrecada.

Os dados da Fundação de Economia e Estatística traduzem os efeitos da estiagem. O tombo da agropecuária, motor da economia gaúcha, foi de 27% em comparação com o primeiro trimestre de 2011. Os gaúchos têm bem presente o que a seca representou para as finanças públicas durante o governo Rigotto. Neste ano, os reflexos já foram sentidos na indústria, que cresceu apenas 0,9% no trimestre, com altos e baixos, dependendo do setor.

Desde o final do ano passado, o governo vinha trabalhando com a ideia de um desempenho do PIB gaúcho superior ao nacional. Os números da FEE jogaram água fria no ânimo dos otimistas e ressuscitaram a preocupação com o pagamento das contas do Estado – não neste ano, que já passou da metade, mas em 2013, com os aumentos salariais já aprovados e que estão entrando em vigor aos poucos. A cada nova previsão divulgada, o PIB brasileiro vai ficando um pouco menor. E o Rio Grande do Sul não tem nada que possa transformá-lo na exceção, ainda mais em um ano de queda na produção primária.

Ao tombo do PIB, soma-se outro dado preocupante para os gaúchos – e que ajuda a explicar o mau desempenho da economia: as exportações do Estado fecharam o primeiro semestre com queda de 8,1% em comparação ao mesmo período do ano passado.

domingo, 15 de julho de 2012

PREFIRO DEUS!


BEATRIZ FAGUNDES, O SUL

Porto Alegre, Domingo, 15 de Julho de 2012.

Quero dar graças a Deus por acreditar em Deus!

Considerando que já temos uma claque defendendo o "pobre" ex-senador Demóstenes Torres, considerado "vítima" de processo antidemocrático, além do agora revelado entendimento entre doutores do judiciário, segundo o qual um roubo ou furto no valor de até mil e duzentos reais deve receber um tratamento diferenciado de "roubo". Como se entendia no tempo de nossos avós, quando roubar um ou um milhão valia o mesmo: era roubo! Questão de caráter!

Considerando essas questões, quero dar graças a Deus por acreditar em Deus! E quero dividir com meus amigos leitores uma parábola show de bola: "Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta: Deus fez tudo que existe? Sim, fez! respondeu um aluno. Deus fez tudo, mesmo? Sim, professor. O professor replicou: Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau! O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver provado uma vez mais que a Fé era um mito

Outro estudante levantou sua mão e disse: Posso lhe fazer uma pergunta, professor? Sem dúvida, respondeu-lhe o professor. O jovem ficou de pé e perguntou: Professor, o frio existe? Mas que pergunta é essa? Claro que existe. Você por acaso nunca sentiu frio? O rapaz respondeu: Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.

E a escuridão, existe? - continuou o estudante. O professor respondeu: Mas é claro que sim. O estudante respondeu: Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton decompõe a luz branca nas várias cores de que se compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando não há luz presente

Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor: Diga professor, o mal existe? Ele respondeu: Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal. Então o estudante respondeu: O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus. Ele não criou o mal. Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus e, portanto o Amor presente em seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz! O professor permaneceu em silêncio"

Mergulhamos no vazio do frio e da escuridão abolindo valores fundamentais numa sociedade civilizada. Prefiro Deus!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

PRIMAVERA RUSSA

ZERO HORA 02 de julho de 2012 | N° 17118. ARTIGOS

João Roberto A. Neves, advogado


Apesar de o Kremlin ter implantado severas restrições contra manifestações populares, o dia 12 de junho foi marcado por grandes marchas nas ruas das cidades russas, principalmente Moscou e São Petersburgo, em meio a protestos veementes contra o terceiro mandato do presidente Vladimir Putin e a fraude com a qual seu partido (Rússia Unida) venceu as eleições legislativas. Em O que Fazer?, publicado em 1902, Lenin fez do partido o instrumento privilegiado para permitir ao proletariado se constituir como força revolucionária dominante. Atualmente, Putin implementa o mesmo procedimento sob outra forma, método utilizado em países sem tradição democrática, visando legitimar artifícios políticos. É a perpetuação do status quo.

Antes do dia supramencionado, com a ajuda de policiais e magistrados, várias residências de líderes da oposição foram revistadas, com o confisco de telefones, computadores e dinheiro, tudo ao estilo da KGB, da qual Putin foi um agente exemplar, uma espécie de tesserário do antigo regime. A legislação ficou mais dura para os que descumprirem as normas concernentes à realização de atos públicos em Moscou. A nova lei de comícios foi desafiada. No entanto, a intimidação com roupagem legal fracassou. O tiro saiu pela culatra. Os “expurgos stalinistas” de 1937 parecem ter despertado a mente coletiva de uma letargia secular. Um futuro com ar primaveril está próximo? Só o tempo, senhor das verdades, dará o veredicto imparcial.

Sabe-se que existem algumas semelhanças entre a Rússia e o Brasil, entre as quais a passividade do povo, que é histórica. Governos de soberanos, diga-se en passant, nada esclarecidos, geram homens submissos, salvo raras exceções. A estrutura estatal de outrora permaneceu viva nas instituições que emergiram com a nova organização política. A tomada do poder pelos bolcheviques na Rússia, em 1917, apenas fez ressurgir novos czares das cinzas do antigo regime. O tempo dirá se a protestação dos russos terá o mesmo fim que no Brasil teve o movimento da “Marcha pelas Diretas já” ou o préstito dos “caras pintadas” no impeachment do então presidente Collor. Ambos acabaram onde o Brasil atualmente se encontra.

Partindo do pressuposto de que, igualmente como no Brasil, na Rússia de hoje são comuns sans-culotte de ocasião que lembram Racine, que parou de escrever tragédias para tornar-se servidor real, doravante tudo é possível acontecer no país de Liev Tostói, inclusive continuar tudo como está.

domingo, 1 de julho de 2012

QUEM VAI SER O LUGO AMANHA?

Artigo no Alerta Total - www.alertatotal.net

Jorge Serrão*


O impeachment do bispo Fernando Lugo pode representar a ruptura de um ciclo democrático na América Latina? Um tal interlocutor da Presidenta Dilma Rousseff, que o jornal O Globo preferiu não identificar faz a afirmação que sim. No entanto, o mais sensato é fazer a pergunta em termos corretos, para termos uma resposta mais precisa e próxima da realidade.

Primeira falsa questão. O tal ?ciclo democrático? na América Latina existe de verdade ou é uma mera figurinha de retórica política empregada pelos radicalóides membros do Foro de São Paulo? Por aqui e acolá temos ?democraduras?. O regime de insegurança jurídica e de desrespeito à razão pública, com componentes de corrupção e bagunça institucional, acontece no Brasil, na Argentina, no Equador, na Bolívia, na Venezuela e no Paraguai ? onde ocorreu uma reação política conservadora.

Quem analisa a realidade não pode ignorar que o continente, há muito, é governado pelos ditamos do Foro de São Paulo. Esta organização meio oculta, fundada por Fidel Castro e Lula da Silva em 1990, aparelha a Unasul. Só os imbecis completos não sabem e os FDP profissionais fingem ignorar que o Foro cumpre o papel de promover o capimunismo globalitário.

Seus membros fazem o discursinho de esquerda, com verniz socialista. Mas, na prática, aparelham o Estado para locupletar seus líderes, enquanto atuam como marionetes da Nova Ordem Mundial. Lula, Dilma, Cristina, Morales, Correa, Lugo, Mujica, Chavez e companhia servem aos interesses reais da Oligarquia Financeira Transnacional, que controla os negócios mais lucrativos do mundo, destruindo as soberanias dos próprios países que governam.

Os setores conservadores do Paraguai resolveram reagir depressa quando viram que Lugo praticava com o governo de lá o mesmo que fazia com mocinhas que o endeusavam nos tempos de ?Bispo do Povo?. Dentro das regras institucionais e soberanas do Paraguai, Lugo sofreu um impeachment. A esquerdalhada, na retórica imbecilizante e mentirosa de sempre, chama este movimento de ?golpe?. Curiosamente, não chamam de golpe tudo de errado que fazem contra a democracia, a liberdade de expressão, os valores humanos e a soberania econômica de seus países ? entregues às feras do globalitarismo.

Agora, temos de agüentar o papo furado de um covarde interlocutor da temperamental marionete Dilma, alegando que ?o governo brasileiro acredita que somente o clamor popular poderá salvar o agora ex-presidente Lugo. Havendo a constatação de que houve ruptura dos princípios democráticos no Paraguai, um dos caminhos é a evocação da cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia, cujo efeito é o isolamento do país na região?.

Eis a comprovada democracia às avessas (na verdade, uma democradura) defendida pela bonequinha de Lula e seus comparsas do Foro de São Paulo ? todos a serviço dos anti-valores da Nova Ordem Mundial. Os picaretas da democracia agora falam em isolar o Paraguai ? como se isso tivesse algum efeito prático. Ou alguém divida que a manobra que tirou Lugo depressinha do poder não teve um oculto apoio norte-americano ? que tem bases lá nos charcos? Blindados pela Águia, os militares paraguaios respaldaram a ação política contra Lugo.

É preciso ficar clara a verdade que nossa mídia amestrada e abestada vai sonegar dos seus leitores, ouvintes e telespectadores. Lugo foi derrubado por suas ligações estreitas com organizações guerrilheiras criminosas, que se travestem do manto bonzinho de ?movimentos sociais no campo?, para ganhar muito dinheiro com tráficos de drogas, armas e outras mercadorias menos votadas. Foi tal ligação com o crime que derrubou Lugo, justamente no momento em que o esquema mafioso do Paraguai se preparava para faturar alto com a oculta gestão da polêmica ?estatização? da venda de maconha no Uruguai.

O interessante, agora, é o cagaço gerado nos demais membros do Foro de São Paulo. Reparem que as reações mais fortes à queda de Lugo vieram dos radicalóides Cristina, Morales e Correa. Em seus países, pelos abusos que cometem contra a ordem democrática e institucional, sabem que podem ter um destino parecido com o do Lugo ? que daria um livro: ?Os crimes do Bispo do Povo?.

A petralhada também sabe que, apesar das aparências, muita gente não suporta mais a ação do governo do crime organizado corroendo as instituições brasileiras. A sorte momentânea deles é que aqui os urubus ainda parecem voar mais alto que as águias e os carcarás. Mas os reis do lixão da história uma hora podem se dar mal. Seria o ideal. Só não dá para saber se um milagre pode acontecer tão rápido quanto no Paraguai. Por viadas dúvidas, ninguém se espante se sair, num golpe de caneta do Diário Oficial, algum reajuste-cala-boca de salário para os nossos militares...

O Paraguai deu o sinal de que é possível reagir contra o Governo do Crime Organizado. Agora, resta esperar se o esquema mafioso-ideológico do Foro de São Paulo conseguirá jogar nas ruas o ?quarto elemento? (guerrilha rural e urbana, junto com agitadores sociais) para desestabilizar o novo presidente Federico Franco ? que representa o retorno dos conservadores e liberais ao poder. O que acontecer no laboratório paraguaio pode representar experimentos a se repetirem em outros campos de teste.

O certo é: não há câncer que dure para sempre. Não é verdade, Lula?

* Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total:www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.

UM DIA, UM GATO

ZERO HORA, 01 de julho de 2012 | N° 17117. ARTIGOS

PERCIVAL PUGGINA, ESCRITOR 


Quando sequestraram o embaixador Elbrick, em 1969, os autores do atentado exigiram a divulgação, em toda a grande mídia, de um longo manifesto. Imaginem o constrangimento imposto aos detentores do poder: locutor oficial proclamando à nação um libelo contra o regime deles. O texto foi exibido. O país parou para ouvir, ver e ler. Redigira-o o jornalista Franklin Martins, um dos sequestradores. Oportunidade dourada para os insurretos afirmarem seus compromissos com a democracia e cobrá-los do governo, não é mesmo? Qual o quê! O texto (íntegra em “Charles Burke Elbrick”, na Wikipédia) foi uma catilinária comunista que falava do que os revoltosos entendiam: ideologia, violência, “justiçamentos”, sequestros, assaltos.

Disse alguém, com razão, que os confrontos históricos se travam no tempo dos fatos e retornam no tempo das versões. Durante os governos militares, a esquerda que pegou em armas foi derrotada. Mas se deu muito bem nas versões. Indague às pessoas com menos de 40 anos, que não viveram no tempo dos fatos, sobre a imagem que têm do Brasil naquele período. Poucas terão ouvido algo que não fosse para representar um quadro de horrores patrocinados pelos governos militares. Peça-lhes opinião, também, sobre os que partiram para a luta armada e perceberá que são vistos como jovens idealistas, mártires de uma resistência democrática.

Repita as perguntas aos que viveram o tempo dos fatos. Perceberá que, apesar das muitas e graves restrições que se faz e se deve fazer ao regime de então, aquela versão quase unânime entre os mais jovens estará longe de ser majoritária neste grupo. Relatarão que o Brasil não foi, naqueles anos, o que hoje se ensina. Com maior surpresa ainda, perceberá que os terroristas e suas organizações praticamente não têm simpatizantes entre os que testemunharam os acontecimentos por eles protagonizados. Aliás, fracassaram por absoluta falta de apoio popular. Escassos serão os que lhes atribuem qualquer mérito na necessária redemocratização. Com razão, dirão que a retardaram. Não os reconhecem como democratas.

Valerá a pena ir além. Pergunte aos que viveram apenas no tempo das versões o que sabem sobre Ulysses, Covas, Teotônio, Montoro, Brossard, para citar alguns dos muitos que, no embate político, foram forçando a porta da abertura. E a abertura da porta. Nada saberão porque não lhes foram mencionados! O que importa, à versão, é desprezar o processo político útil para exaltar o revolucionário inútil. Capisci? Menor ainda será o conhecimento sobre o papel das lideranças empresariais, sindicais e religiosas que se empenharam pela normalidade institucional. A contribuição dos militantes da luta armada para a democracia foi a mesma que as cheias do Nilo prestam à venda de ingressos para os shows da Broadway. Não li um único livro escrito por intelectuais de esquerda participantes daquelas organizações que se atrevesse a estabelecê-la. Antes, negam-na com firmeza.

Convém aos que, após a abertura e a anistia, ingressaram no jogo político posar de estátua da liberdade diante do porto de Nova York. Volta e meia algum ministro, olho na versão, reverencia os que lutaram pela democracia apontando para as pessoas erradas. “E o título? E o título?”, perguntará o leitor, vendo que o artigo termina. Ora, o filme Um Dia, um Gato ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1963. Conta sobre um gato com óculos mágicos. Quando olhava para as pessoas, elas adquiriam uma cor relacionada com seus defeitos e virtudes. Era um pânico na cidade. Os mentirosos, por exemplo, ficavam roxos.



AS CLASSES MÉDIAS NA BERLINDA

ZERO HORA, 01 de julho de 2012 | N° 17117. ARTIGOS


FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA 


Desde abril até agora viajei bastante, saindo e voltando ao Brasil. Fui aos Emirados Árabes, ao México, ao Japão, à China e, na semana passada, ainda fui a Buenos Aires. Sempre participando de seminários ou fazendo conferências. Lia, naturalmente, os jornais locais que tinham edição em inglês. Por toda parte um assunto dominante: a crise econômica. Em alguns países, mesmo com regimes políticos muito diferentes, como China e Brasil ou Argentina, alguma preocupação com a corrupção. Nessa mesmice, li com prazer em Buenos Aires, no La Nación, um artigo de Marcos Aguines, “O orgulho da classe média”, reproduzido no dia seguinte no O Globo.

Aguines desacredita da visão, que predominava nos círculos de esquerda, de que a classe média – a pequena burguesia, como era chamada – seria a Geni da História. Fascinados pelo papel revolucionário e liberador da revolução proletária e, mais tarde, pelo ímpeto das massas ascendentes, os ideólogos de esquerda – e não só eles, pois a moda pegou – não viam mais do que atraso e mesquinhez na classe média, os “desvios” pequeno-burgueses e a tibiez que lhe tirava o ímpeto para transformar a sociedade. Provavelmente, em certas conjunturas históricas, especialmente na velha Europa, era assim que as classes médias agiam. Basta ler os romances de Balzac como Eugénie Grandet ou O Pai Goriot para sentir que essas camadas ficavam apequenadas, mesquinhas, diante da burguesia vitoriosa ou da nobreza decadente aliada à mesma. Entretanto, terá sido essa a posição das classes médias nas Américas e nos países de imigração?

Dou a palavra a Aguines: na Argentina, tanto no campo quanto nas cidades, as classes médias se expandiram e começaram a construir valores que deram suporte para três culturas, “a cultura do trabalho, a cultura do esforço e a cultura da honestidade”. O mesmo, acrescento, terá ocorrido na Austrália ou no Canadá e, de outra maneira, nos Estados Unidos. E, no caso brasileiro, terá sido distinto? Esmagadas entre a escravidão e o senhorio rural, agraciadas aqui e ali com algum título não hereditário durante o Império, as classes médias urbanas, compostas por profissionais liberais, funcionários públicos, militares, professores e poucas categorias urbanas mais, no que iriam se apoiar para manter as distinções e realizar algo na vida? Basicamente na escola e nos valores familiares que levam ao trabalho. Tudo com muito esforço.

Com a chegada dos imigrantes, à medida que estes, motivados pelas necessidades de trabalhar, “faziam a América”, do mesmo modo se incorporaram às classes médias trilhando os caminhos do estudo e buscando ostentar a “boa moral”. No percurso dessa camada de imigrantes, viu-se a formação de algo que poderia se aproximar de uma “burguesia pequena”, ou pequena burguesia: sua base econômica, em maior número do que no caso das populações brasileiras mais antigas, provinha de um pequeno negócio. Ainda assim, sua inserção na sociedade e sua gradação social eram dadas pelas mesmas virtudes das antigas classes médias, a valorização do trabalho, o estudo “para subir na vida”, a honestidade.

A própria base operária brasileira, a camada dos trabalhadores, usando outros instrumentos de ascensão social, como os sindicatos, e mantendo o ideal de trabalhar por conta própria, não fugiu deste padrão: escola-trabalho-decência. Obviamente, quando a sociedade se massifica, quando os meios de comunicação, TV à frente e agora a internet, dão os compassos da dança, o quadro é menos nítido. Já não se vê com clareza que valores guiam as chamadas classes médias emergentes. Mesmo que haja exagero na insistência com que se repete que milhões e milhões de brasileiros estão ingressando nas “novas classes médias”, pois por enquanto se trata de novas categorias de renda mais do que propriamente de uma nova “classe social”, a transformação da renda em classe é questão de tempo: esta vai se formando. Seus membros pouco a pouco irão frequentar escolas razoáveis, criar uma teia de relações com acesso aos mesmos clubes e a gozar das mesmas facilidades de recreação, trajar-se mais ou menos de modo igual (o que já ocorre), desenvolver uma cultura de trabalho qualificado e, de novo, comportar-se valorizando a decência e a honestidade.

Como se comportarão estas classes emergentes na política quando se transformarem em uma categoria social com características, anseios e valores próprios? É provável que se juntem nas formas de comportamento e nos valores às classes médias preexistentes. Estas, no momento, se sentem um tanto desconectadas da instituição que, sem ser a única, as abrigou e deu influência: o governo, o Estado. Justamente porque a política vem sendo percebida cada vez mais como um jogo de vale-tudo, no qual a moral conta menos do que o resultado.

É hora, por isso mesmo, de reforçar e não de menosprezar os valores fundamentais ditos “de classe média” – estudo, trabalho, honestidade. Valores culturais não se impõem por lei, são modelos de conduta aos quais se juntam sentimentos positivos. Só a exemplaridade e a repetição enaltecida deles (na escola, na família, na mídia e na vida pública) vão aos poucos inculcando na mentalidade geral as formas que definem o que é bom, o que é ruim. Minha aposta é a de acreditar, como crê Aguines, que a velha e boa classe média, que já contribuiu para a formação da nação, ainda pode ter papel relevante e será capaz de contagiar com seus valores as camadas emergentes, pois estas a eles já são predispostas: melhoraram a renda com esforço e trabalho.

É certo que o descaso em nossa vida pública pelos valores básicos das classes médias diminui as chances de que eles venham a prevalecer. Há oportunidades, entretanto, para reforçá-los. O julgamento do mensalão é uma delas. Seja qual for o resultado, se o STF se comportar institucionalmente, sem medo de condenar ou de absolver, desde que explicando o porquê e sendo transparente, pode ajudar a demarcar os limites do inaceitável. Nem só de pão vive o homem. A decência e a honestidade são partes da vida. Convém reforçar os comportamentos que se inspiram nelas.