Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

DESINDUSTRIALIZAÇÃO E DESEDUCAÇÃO

Duilio de Avila Bêrni, Economista, PhD – Oxford - ZERO HORA 05/04/2012

O capitalismo de Estado chinês está assombrando o mundo. Beneficiando-se de uma taxa de câmbio predatória e um dumping social ainda mais criticável, não se pode falar em livre-comércio. Ao contrário, esses dois fatores criam amargas condições de competitividade, formando o novo e grande entreposto industrial planetário. No passado, observaram-se outros milagres de ganhos de produtividade na indústria, mais afeitos às boas relações internacionais, emergindo do modelo japonês e se espraiando pela Ásia. Nestes casos, a economia brasileira viu ameaçada sua serenidade cambial, culminando, na atualidade, com grande perda de competitividade no setor secundário, simultânea a enormes ganhos na produtividade na produção agropecuária e mineração.

A vitalidade do setor primário tem recebido registros de otimismo, mas também de pessimismo. Os pessimistas presumem que o Brasil volta-se novamente a uma agricultura intensiva em recursos naturais. Os otimistas dizem que a nova agricultura de precisão nada tem a ver com os tempos da monocultura do café e que a soja tropical não é uma dádiva da natureza, mas do suor de laboratório. E alinham meia dúzia de outros produtos primários altamente competitivos, da carne bovina e de aves ao petróleo e minérios.

Com décadas de políticas enviesando os preços relativos a favor da indústria e com o mesmo câmbio que tem tirado os produtos industriais nacionais do combate, o primário deveria ser visto como uma salvaguarda contribuindo para a tranquilidade no mercado de divisas. Tal disparidade de adaptação às condições do mercado externo leva a se desconfiar dos próprios contornos da nova campanha de proteção ao setor industrial. Fechando-se a economia, todos os agentes pagam um preço mais elevado pelo carimbo do made in Brazil.

É plausível considerar que o Brasil está experimentando uma desindustrialização precisamente por ter sido vítima de uma industrialização precoce. Insistir no uso de recursos governamentais para promover a indústria significa discriminar não apenas o setor primário, mas principalmente os setores produtores de capital humano e social, como a educação, a saúde e tantos outros serviços. Por isto, não é temerário dizer que o problema contemporâneo não é a desindustrialização, mas a já tradicional deseducação que grassa no Brasil desde o Descobrimento.

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