Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS

BEATRIZ FAGUNDES, O SUL
Porto Alegre, Segunda-feira, 30 de Abril de 2012.


O povão assiste a tudo impassível. Não tem tempo de se indignar. Postos de saúde fechados, sem médicos, transporte coletivo ineficiente, sequestros relâmpagos, assaltos, assassinatos estão batendo à porta dos eleitores, que a tudo assistem sem reação.

São impressionantes os incontáveis dutos que fluem das denúncias que envolvem o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o Senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Andressa Mendonça, noiva do bicheiro preso na Papuda, anunciou que ele está à beira de um ataque de nervos, revoltado e se considerando um "prisioneiro político", não descartando prestar um depoimento bombástico à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

Cachoeira sabe que é a principal fonte da informação. Reclama que está sendo renegado por antigos aliados, que fizeram dele um bode expiatório. O tempo vai passando e a legislação brasileira não permite que ninguém, especialmente quem tem grana para pagar advogados atentos, permaneça preso indefinidamente sem acusação formal. Sabendo disso, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) alertou para a necessidade de urgência de ouvir o depoimento de Carlos Cachoeira. Em sua opinião, isso tem que ser feito o mais rápido possível, enquanto o empresário ainda está preso: "Se ouvirmos Cachoeira quando já estiver solto, combinando com seus cúmplices os depoimentos, vamos passar vergonha" opinou.

O senador Fernando Collor (PTB-AL), por sua vez, sugeriu a oitiva do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e dos delegados que presidiram os inquéritos das investigações, mas a sugestão não chegou a ser votada ainda. Ouvir o procurador deveria ser o primeiro passo, considerando que o senador Demóstenes Torres, é investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) por supostamente agir em prol de três grandes empreiteiras: Delta Construções, Construtora Queiroz Galvão e Odebrecht, a pedido do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Gravações telefônicas que embasaram a abertura do inquérito no STF e o início das investigações pela PGR (Procuradoria-Geral da República) apontam indícios de que Demóstenes operou fraudes em licitações para favorecer as três construtoras. A PGR investiga também a suposta atuação do parlamentar por novos contratos da Queiroz Galvão e da Odebrecht. A propósito do inquérito, que deveria ser mantido em segredo de Justiça, mas que já foi reproduzido na íntegra pelo site Brasil 247, nele encontramos detalhes da boa vida dos envolvidos.

Áudios da Operação Monte Carlo mostram que, em agosto de 2011, Cachoeira e seu assessor Gleyb Ferreira da Cruz conversam sobre um vinho Cheval Blanc, safra 1947. A bebida, que já teve uma garrafa especial leiloada por mais de 500 mil reais, seria comprada para o senador Demóstenes, ao custo de até 2.950 dólares a unidade, portanto, as cinco unidades custaram a bagatela de menos de 14 mil dólares. Demóstenes demonstrava fino trato. Ao se hospedar no Kenoa Exclusive Beach, Spa & Resort, de alto luxo, na Barra de São Miguel, em Alagoas, por dez dias, gastou cerca de 70 mil reais. Sua bebida preferida, ele mesmo levou em grande quantidade: Moet & Chandon, Dom Perignon. Pelo requinte da bebida, somente para tirar a rolha, o hotel cobra em torno de 150 reais. O custo médio de cada garrafa desses champanhes, em supermercado, é de 600 reais. E os outros? De outras CPIs? Corrupção, enriquecimento ilícito, gastos principescos fazem parte do script de todos os detestáveis enredos que já acompanhamos. O povão assiste a tudo impassível. Não tem tempo de se indignar. Postos de saúde fechados, sem médicos, transporte coletivo ineficiente, sequestros relâmpagos, assaltos, assassinatos estão batendo à porta dos eleitores, que a tudo assistem sem reação.

Tudo indica que, se essa for uma investigação séria, e não descambe para uma disputa criminosa entre partidos, teremos a chance de uma perfeita identificação de todos os modus operandi que infernizam a Republica. Ou não. A conferir!

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