Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PARA QUE A FICÇÃO NÃO SE TORNE REALIDADE

EDITORIAL JORNAL DO COMÉRCIO, 26/12/2011

O filme Corra que a polícia vem aí foi muito engraçado, mostrando uma caricatura e os chavões do trabalho, das frases e das manias dos policiais dos Estados Unidos (EUA). Foi um sucesso de bilheteria. No entanto, a ficção virou realidade no recente episódio envolvendo policiais civis do Paraná, que vieram ao Rio Grande do Sul de maneira sorrateira, o que até levanta suspeitas sobre as verdadeiras intenções. O trágico é que "a piada" custou a vida de duas pessoas que não deveriam ter morrido. Um sargento da Brigada pagou alto preço pelo seu cacoete policial. Ao ver, de madrugada, um carro parado com homens dentro, aproximou-se para verificar. Foi baleado e morreu. Atirou antes? Ninguém sabe, ninguém viu. Depois, a tentativa de libertar pessoas sequestradas resultou em um dos reféns mortos. Tudo com poucas horas de diferença. Convenhamos, chegou num ponto em que é melhor mesmo bradar corram que a polícia vem aí. Lamentavelmente, ainda que as polícias Militar e Civil do Estado façam bom ou ótimo trabalho em alto percentual.

Nenhuma categoria profissional está livre de ter em seu meio pessoas corruptas ou desastradas. Isso não torna a instituição corrupta, mas os que praticam deslizes devem ser processados e condenados, na forma da lei. Pois depois de estarem nos píncaros da glória, pontuados exemplarmente pelos brasileiros por causa da ocupação de favelas no Rio, eis que a desconfiança bateu de maneira escandalosa na PM do Rio. Policiais acusados de cobrar propina de traficantes para não reprimir a venda de drogas na região recebiam mensalmente valores em torno de R$ 160 mil.

Entre os presos estava - foi solto pela Justiça por falta de provas - o tenente-coronel Djalma Beltrami, comandante, logo destituído, do 7º BPM, de São Gonçalo. Também na Polícia Federal deslizes foram detectados. Dizem que todo homem tem o seu preço. Dinheiro, sexo e poder movimentam o mundo, desde tempos imemoriais. Mas também empresários corrompem agentes e autoridades, fechando o ciclo. Os que são acusados se defendem com frases padrão como "é tudo armação dos adversários". Houve uma evolução, digamos, higiênica, na maneira de surrupiar dinheiro público. Ele saiu das cuecas, passou pelas meias e agora se instalou nas ONGs, das quais temos 3.400 no País. Um exagero. A corrupção é uma metástase que se espraia pelos organismos oficiais. Só com a extirpação dos tecidos cancerosos poderemos cicatrizar o problema, quando o contrabando e falsificações chegam em toneladas.

Agora entraremos na segunda etapa, aquela onde as acusações são esquecidas com o tempo, pela paciência dos acusados e seus advogados em negar sempre, mesmo quando flagrados em delitos, e pela morosidade da Justiça. Como a memória no Brasil é curta, em breve os implicados de hoje serão os grandes vitoriosos nas eleições de amanhã. Consagrados pelos mesmos eleitores que, antes, se horrorizaram com o que viram e ouviram. O Brasil toma conhecimento das falcatruas através da imprensa. É bom, por um lado, mas prova a inoperância de tantas estruturas que foram criadas para combater os desvios. Aí, quem fiscaliza os poderes criados para vigiar? O "Estado indutor" incha e tem parcos resultados. Alguns dos seus integrantes acabam se julgando com maior importância do que têm.

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