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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

PACIFICAÇÃO - MILITARES GAÚCHOS NAS FAVELAS DO RIO


MISSÃO NOBRE. Gaúchos treinam para levar paz a favelas do Rio. Soldados vão integrar força nacional e ajudar em ações em áreas antes conflagradas pelo tráfico - JOICE BACELO, ZERO HORA 20/12/2022

Das 55 horas de treinamento, apenas 18 serão destinadas para sono e refeições. A partir do início da tarde de hoje, 118 soldados encaram um exercício intensivo de atividades específicas para a missão de manutenção da ordem no complexo das favelas do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. O preparo do esquadrão gaúcho que atuará em uma força de pacificação nacional será realizado no quartel do Exército em Bagé, na região da Campanha.

No grupo estão incluídos pelotões de Bagé, Jaguarão e Porto Alegre. Os militares, que ficam na cidade até a próxima quinta-feira, devem perder a noção do tempo: a previsão é de que os treinamentos ocorram pela manhã, à tarde, à noite e também durante a madrugada. São ações semelhantes às executadas para a missão Minustah, realizada pelas tropas brasileiras no Haiti.

– Apesar de o treinamento ser o mesmo, tem uma diferença muito grande: nessa missão nós estaremos lidando com cidadãos brasileiros, do nosso lugar comum. É um momento histórico para o nosso país, que certamente, no futuro, constará nos livros da história brasileira – diz o comandante do esquadrão, capitão Leonardo Morrudo Babot.

Grupo deverá permanecer em solo carioca por nove semanas

Além desse esquadrão, o Rio Grande do Sul enviará para as favelas do Rio de Janeiro um batalhão com 800 soldados, que atualmente estão em treinamento em suas unidades para atuar no Complexo do Alemão. O esquadrão dará apoio a esse batalhão assim como ao de São Paulo, responsável pela missão na Favela da Penha. No dia 2 de janeiro, o grupo se reúne para uma nova concentração em São Leopoldo e em Sapucaia do Sul.

As tropas começam a embarcar no dia 16 de janeiro, 11 dias antes do início da missão. A previsão é de que os soldados gaúchos permaneçam no Rio de Janeiro por nove semanas – durante o período haverá um rodízio entre os militares para que cada um consiga visitar a família e ficar de folga em casa pelo período de uma semana.

Com o é o treinamento

- Patrulha ostensiva – Os soldados ocupam uma área determinada para fazer a revista de pessoas suspeitas. A simulação que será realizada durante o treinamento terá a participação de 40 soldados que não foram selecionados para a operação no Rio de Janeiro. Eles receberam instruções de comportamento semelhante ao habitual da cultura carioca.

- Patrulha em área de alto risco – O treinamento inclui uma simulação de deslocamento pelo interior da favela. Em vez de armas letais, os soldados utilizarão o armamento usado nas competições de paintball.

- Busca e apreensão – Dentro do quartel haverá um local específico para a simulação, onde os soldados terão de acessar o interior do prédio para efetuar a busca e apreensão de pessoas e produtos envolvidos com o tráfico de drogas.

- Execução de tiro – Haverá treinamento de tiro de fuzil e pistola, além do manuseio de armamento não letal – para a simulação serão utilizadas escopetas calibre 12 com munição de borracha. Também serão executadas ações com granada luz e som – material de iluminação intensa e forte barulho, mas que não se fragmenta como uma granada, geralmente usado na dispersão de grupos de pessoas.

- Check point – Ações de controle de vias urbanas, onde é a feita a revista tanto em pessoas quanto em veículos. A simulação será realizada toda dentro do quartel, com a participação dos mesmos soldados envolvidos no treinamento de patrulha ostensiva.

- Escolta de autoridade e de comboio – Os soldados receberão orientações de acompanhamento e segurança. O treinamento será realizado tanto para a escolta a pé quanto para veículos.

A TOMADA DE UM REDUTO DO TRÁFICO

- Criadas pela atual gestão da Secretaria de Segurança Pública do Rio a partir de 2008, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) trabalham com princípios da polícia comunitária em áreas dominadas pelo tráfico.

- O Complexo do Alemão, onde os gaúchos irão atuar, foi ocupado pela polícia em 28 de novembro do ano passado. A ação foi uma resposta a uma série de atentados ocorridos no Rio em 2010, que resultaram em mais de cem veículos queimados.

- O episódio foi marcado pela cooperação entre as forças de segurança. Além da Polícia Militar, as polícias Civil e Federal, o Exército, a Marinha e a Força Aérea fizeram parte da força-tarefa que enfrentou os traficantes.

- Em dezembro de 2010, os militares assumiram oficialmente o comando das ações no conjunto de favelas.

SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI - Batismo para militares gaúchos

A tradição pacifista do Brasil faz com que militares passem a vida toda esperando o momento em que irão entrar em ação. De preferência, numa causa com motivações nobres, como uma Missão de Paz. Pois agora chegou a vez de militares gaúchos terem sua dose de vida concreta, num front que costuma ser cruel com desavisados: as favelas do Rio.

Não que esses soldados estejam indo para lá para entrar em combate. A ideia é o oposto, devem zelar pela segurança de comunidades liberadas do domínio de facções do tráfico algo semelhante ao Haiti, onde alguns gaúchos já estiveram. Eles não podem ser ingênuos. Os bandidos estão sempre dispostos a recuperar o domínio em regiões nas quais reinaram por décadas. Prova disso são recentes gravações feitas pela Polícia Civil, que mostram traficantes ainda atuantes no Complexo do Alemão.

Ainda bem que o treinamento das Forças Armadas para quem vai atuar no Rio é cópia fiel da realidade daquele Estado conflagrado.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Envolver militares das forças armas em ações policiais de permanência e policiamento ostensivo sem medidas de excessão tem sido um dos maiores erros na estratégia de pacificação do Rio. A falta de capacidade técnica policial, o uso de armas inapropriadas para o policiamento ostensivo comunitário, os princípios militares envolvidos e as ameaças do contato do tráfico com a caserna, diretamente ou por meio dos moradores aliciados contribuem para a inoperancia dos objetivos de restabelecer a confiança dos moradores no Estado. Os militares só poderiam ser usados na fase de cerco e ocupação de território dominado pelo tráfico. O perigo é a adaptação odo tráfico às forças armadas. Tropas policiais para manter a permanência já deveriam ter sido previstas antes de iniciar a ocupação. O imediatismo provoca estes erros.

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