Na América Latina o comunismo é poder nos países.
Na Venezuela, Chaves demonstra sua gana em direcionar-se ao totalitarismo,
afora alguns ensaios, principalmente de cerceamento da imprensa, em outros
países. Aqui no Brasil, a democracia mais consolidada, não deu espaço sobre a
censura à imprensa e ainda está inconclusa. Mas a Lei da “Comissão da verdade”
funciona como um “osso” para a imprensa roer, enquanto é estudada uma forma
válida de sua neutralização. Em todo o cone Sul estão buscando o poder total,
ideário permanente a ser perseguido pelos camaradas. Ainda mais, agora que a
Rússia começa a se refazer de sua derrocada, buscando uma reconexão com a
China, a qual se mantém com independência, na busca de substituir os Estados
Unidos na liderança planetária. Ocorre um novo fato, por conta das
manifestações orquestradas, nos principais points das mais importantes capitais
do planeta. Manifestações populares com as indisfarçáveis bandeiras vermelhas e
com as conhecidas palavras de ordem bradadas contra o capitalismo. Se isso não
é esquerda, então não existe mais o conceito como querem alguns fazer crer.
Minha meta é entender os militares brasileiros no
contexto desse processo. Quero me ater aos militares de esquerda no Brasil. Não
vou falar da comenda de Jânio ao Che Guevara; do fustigamento constante do
Weneck Sodré; da performance do cabo
Ancelmo e seus sargentos; ou da traição do Lamarca. Houve, ao inicio de 1964,
uma anarquia tão grande e com a participação de militares que, per si, se
tornou o gatilho das decisões de comandos militares, em dar um basta ao
descalabro nacional. A sociedade já estava clamando por uma ação e de várias
formas hipotecou sua plena solidariedade ao movimento de 64. Ocorreu, em fatos,
uma contrarrevolução à revolução comunista que se instalaria.
Para entender melhor essa argumentação cite-se o
brasilianista - americano John W. F. Dulles, autor do livro “Anarquista e
comunista do Brasil” que mapeou e estudou a gênese dessas duas ideologias no
Brasil. Uma leitura atenta, nesse livro, quanto a formação de células
comunistas nos quartéis brasileiros, é bastante interessante. Acho que os
comandos da marinha, exército, aeronáutica e polícias e bombeiros militares
devam dar, novamente, uma olhada nessa bibliografia. Faço dois destaques dessa
pesquisa do Mister Dulles: a primeira se refere a uma grande manifestação
popular anarquista, em São Paulo, em 1919, quando os manifestantes,
confrontados com a cavalaria da Força Pública (atual PM) gritavam brados de
“Morra a Polícia” e “Viva o Exército”; a segunda pela significativa
quantificação de células instaladas no Exército, um mínimo na Aeronáutica,
nenhuma citação de célula na Marinha e uma, por contágio, com o pessoal da PM
do Rio, que trabalhava no presídio da ilha.
Essa leitura eu procedi há mais de trinta anos e
por ela desenvolvi a teoria da fragilidade dos integrantes de baixos escalões
do Exército, em serem mais propensos, do que os policiais militares, a se
envolverem com a ideologia vermelha. Justificava meu pensamento na própria
teoria da guerra. Por ser a guerra, o esforço de preparação em todos os níveis,
repetido anualmente, para algo que nunca ocorre, é uma forma de entendimento
introjetado da “utopia”. E isto dá uma identidade comum. Fora isso, estão as
soluções maravilhosas propostas pela ideologia sanguinária, inclusive com o
dever de matar o burguês responsável pela desgraça da pátria. O burguês é um
inimigo a ser morto. Hoje, não digo que haja, nesse início, a mesma visão. Mas
é uma questão de tempo, para estruturem e desenvolverem ações de conquista de
executores. A preocupação está agora na participação acentuada dos militares
estaduais, como simpatizantes e ativistas da esquerda. Do uso das mulheres e
filhos, com comportamento idêntico ao do MST. Há uma juventude militar
desinformada que está sendo influenciada pelas ações da mídia no poder, como de
sorte a toda a juventude nacional. Esse é um cenário que deve ser considerado,
porém há outro mais grave, que é a forma de politização partidária dos militares
estaduais.
O partidarismo sempre conviveu com a caserna. Se
há um governo e esse governo é democrático, ele pertence a um partido ou
coligação partidária. E a escolha dos cargos disponíveis vai ocorrer num
critério de intimidade ou interação e a capacidade técnica de pessoas que são
próximas das cúpulas dos partidos, inclusive dos cargos militares. Aí se formam
as castas de poder e servidão e a desconformidade dos tropeiros, como se
denomina os militares da atividade de linha. Isso é parte de um terreno fértil
a teorização de partido de militares.
É um sonho que coexiste como solução mágica. É
outra forma de utopia. E só chega-se ao estágio de busca e criação de um
partido exclusivo (princípio fascista de poder dos partidos sindicais) quando
todos os artifícios da democracia estão falhando. Um partido como sua própria
designação diz, é um pedaço e, portanto, deveria ter uma definição bastante
clara em ser de direita ou esquerda e, dentro dessa escolha buscar todos os
segmentos. Se tu não és, ou não queres te identificar com um desses lados, ou
estás a serviço ou esperando um bote. “ninguém pode servir a dois Senhores, sem
que um deles saia desservido”. Estamos num momento brasileiro que mesmo
fraudulentamente, os valores estão que estão sendo apresentados à sociedade são
de esquerda. Não há espaço para um partido militar, mesmo de esquerda, a menos
que revolucionário. Na direita, até teria espaço, mas seria massa de manobra,
para a pirotecnia da oposição. Seria um partido que teria apoio, mas não votos.
Vai ser difícil entender propostas conciliadoras. Os militares podem fazer
carreira política e seu público deve ser a sociedade e não o classismo.
Os níveis hierárquicos dos militares ativos têm
visões diversas na questão de uma participação engajada da democracia, através
de partidos políticos. Os cabos e soldados, níveis de execução, têm um visão
prática e imediatista. Buscam respostas para o aqui e agora; o que eu ganho,
neste momento e que ganho depois de eleito. Já graduados e os tenentes estão
mais propensos as proposta de médio e longo prazo, podendo ter um engajamento
discreto, conforme o grau de liberalização de seus comandos; Capitães e Majores
são tenentes cansados das propostas vãs da política. Alguns bifurcam na utopia
de um partido exclusivo, excetos aqueles que já conquistaram alguma “boquinha”,
a grande maioria vai cuidar da carreira sem uso desses meios. Coronéis e Generais aguardam na fila. Como se
diria, ”a minha vez vai chegar”. E nessa fila acontecem os mais variados
comportamentos. Do adesismo imediato à resistência para não abrir vaga e
facilitar o poder constituído mobiliar imediatamente seu staff militar. E esse
quadro não tende a sofrer mudança. Agora, sempre haverá crítica, ao militar que
quando é transferido para a reserva, faz sua manifestação político/crítica.
O que garante o reconhecimento público do
pensamento institucional de uma organização militar é seu processo histórico.
Os verdadeiros comandantes que publicam sua forma de ver o mundo em tudo que
prejudique a doutrina de sua instituição. Muitos se evocam que em seu comando
vale o seu pensamento. Os comandos são transitórios. As instituições vão
agregando comando a comando as vicissitudes e vícios de seus comandantes e o
respectivo reflexo na tropa. As organizações têm a amálgama desse processo de
formação de pensamento institucional, a partir do que recebeu na formação
básica, do núcleo da ideologia institucional (Academia), que vai ser reforçada
ou reformada, no dia a dia, da atividade cotidiana. Um comando sozinho deixa
sua marca, mas dentro de um processo histórico, que pode no máximo significar
um desvio temporário corrigido ou corrigível.
Nossa preocupação está em algo que deve ser
estudado e está ocorrendo em relação a questão salarial, mais claramente nos
militares estaduais, onde parece existir uma pré convulsão direcionada. Estão
sendo quebrados princípios garantidores da condição de militar e acredito que,
propositadamente. Não há de se negar a discrepância entre salários que são
praticados em Brasília, no Piauí, no Rio Grande do Sul e outros Estados. O
melhor referencial é o da Polícia Rodoviária Federal, que conta com uma atuação
até privilegiada, em comparação às PMs, com um salário básico de quatro a seis
vezes a média das PMs brasileiras. E a Polícia Federal para os quadros
superiores. Essa mesma comparação pode ser estendida às Forças Singulares
(Marinha, Exército e Aeronáutica).
Mas o que vejo de grave nesse assunto não é buscar
melhores condições. Há discordância de algumas práticas. Grave é o teor de uma
proposta de PEC, a qual garante a criação do fundo e a suplementação salarial
aos Estados, para garantir o piso básico às organizações policiais que se
unificarem. Só poderão ter acesso ao “Subsídio” como forma remuneratória (que é
um direito constitucional dos policiais), aqueles Estados que sua Polícia
militar e sua Polícia Civil se transformarem um uma Polícia Estadual (Única).
Aquele discurso de polícia única sempre prometida está a caminho. Creio ter
sido a mesma mente petista que estruturou ser possível comprar o apoio
parlamentar, subsidiando parlamentares, que também estruturou essa estratégia.
Após todas os militares estaduais transformados por vontade própria e com o
interesse dos erários estaduais, em poucos anos todas as polícias estarão
vinculadas à uma CUT da vida. E aí, parar o Brasil e implantar um novo modelo
socialista entre os modelos da China e de Havana é uma facilidade. As Forças
Armadas, quem sabe até, poderão estar contempladas nesse pacote.
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