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sábado, 17 de dezembro de 2011

MISSÃO NO HAITI - BRASIL É ACUSADO DE VIOLÊNCIA


Em nova denúncia contra tropas da ONU, organização de defesa dos direitos humanos diz que militares agrediram jovens - ZERO HORA 17/12/2011

PORTO PRÍNCIPE - Considerado o preferido pelos haitianos entre os demais que integram a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah), o contingente brasileiro é alvo de uma denuncia de uma ONG do país caribenho. A Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos acusa oito soldados brasileiros de ter espancado e deixado três jovens gravemente feridos na quarta-feira em La Salina, nos arredores da capital, Porto Príncipe.

A porta-voz da ONG, Marie Yolande Gilles, condenou os atos de agressão cometidos por militares da Minustah, alguns dos quais já teriam sido acusados de violação dos direitos de haitianos em outras cidades.

Uma das vítimas detalhou ao site da ONG os maus-tratos sofridos. O rapaz contou que o carro no qual o trio viajava teve problemas no motor durante a madrugada, obrigando-os a parar na estrada. Os soldados brasileiros teriam chegado, revistado-os e mandado que deitassem no chão. Então, os jovens teriam recebido chutes. Depois, de acordo com o relato, o trio foi colocado em um carro e levado até uma plantação de bananas. Ali, tiveram que tirar a camisa e teriam sido agrediram novamente. Os militares brasileiros ainda teriam retirado o restante da roupa dos haitianos e levado seus celulares, documentos e dinheiro.

O Brasil comanda a missão desde 2004. O atual contingente é composto em sua maioria por unidades do norte do país. Em comunicado, o 1º Batalhão de Infantaria de Força de Paz disse que a denúncia está sendo investigada e que condutas irregulares em operações de paz não são toleradas. O batalhão ofereceu à comunidade haitiana uma linha telefônica para receber informações que contribuam com a apuração. Em 2011, as tropas no Haiti foram alvo de outras acusações.

Hora de planejar a retirada

Chefe da missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti de 2008 a 2011, o gaúcho Ricardo Seitenfus acredita que está na hora de o Brasil e as Nações Unidas começarem a debater a retirada das tropas do país caribenho.

– Boas missões de paz são curtas missões de paz – avalia Seitenfus, que hoje está sediado na Nicarágua.

A operação no Caribe já é uma das mais longas participações brasileiras em missões no Exterior – desde 2004. Na opinião do representante da OEA, denúncias como as que macularam as tropas do Uruguai são intrínsecas a missões que duram muito tempo:

– Era impossível que isso não acontecesse, mesmo que a tolerância seja zero, que as autoridades brasileiras sejam extremamente rígidas com o comportamento dos militares, a natureza humana e as condições impedem que seja 100% livre de qualquer tipo de problema.

As Nações Unidas começaram a debater a retirada em 2009, mas as intenções foram abortadas pelo terremoto de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas.


ENTREVISTA. “A investigação foi aberta no mesmo dia”. Renato Gomides, setor de Comunicação Social do Brabat 1

Atendendo veículos de comunicação brasileiros por e-mail e telefone simultaneamente, o capitão-de-fragata Renato Gomides, do setor de Comunicação Social do Brabat 1, em Porto Príncipe, explicou ontem por telefone a ZH como o contingente brasileiro reagiu à denúncia contra os oito militares que teriam agredido três jovens haitianos na quarta-feira. Segundo Gomides, nenhum militar foi identificado ainda. Leia trechos da entrevista:

Zero Hora – Como a missão está tratando da acusação contra os militares brasileiros?

Renato Gomides – O fato ocorreu na quarta-feira de madrugada, no mesmo dia à tarde o batalhão tomou conhecimento e abrimos a investigação. Qualquer denúncia contra a tropa brasileira é investigada. Nesse caso, especificamente, está sendo investigada não só através de um procedimento interno, mas também pela Minustah.

ZH – Os militares acusados já foram identificados?

Gomides – Não temos ainda qualquer militar identificado, suspeito de qualquer tipo de provável delito. Não há nenhuma materialidade com relação à denúncia.

ZH – De que parte do Brasil são os militares que estão no Haiti?

Gomides – Notadamente, a parte do Exército aqui é mais da região Norte. Mas há pessoas de várias partes do Brasil.

ZH – As denúncias abalaram a normalmente boa relação dos haitianos com os brasileiros?

Gomides – A tropa brasileira é a que os haitianos mais gostam entre todas da Minustah. Isso é notável nas ruas.


Denúncias - Acusações que abalaram a credibilidade da Minustah:

- Cinco soldados uruguaios foram condenados à prisão pela Justiça Militar uruguaia após a mesma ONG que acusa os brasileiros denunciá-los por envolvimento em um caso de abuso sexual contra um haitiano de 18 anos. Ele foi espancado e abusado sexualmente no final de agosto, em uma base militar.

- As tropas da ONU também foram acusadas pelo um surto de cólera que matou milhares de pessoas no Haiti este ano. A doença não existia no país. Pesquisas independentes concluíram que a doença teria sido levada ao país por um contingente proveniente do Nepal.

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