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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PACIFICAÇÃO - ROCINHA AGUARDA SERVIÇOS PÚBLICOS


Rocinha partida: melhorias permanecem longe dos becos. Moradores das vielas ainda aguardam a chegada dos serviços públicos - Taís Mendes e Natanael Damasceno, O GLOBO, Atualizado: 25/11/11 - 0h29

RIO - Quem circula pelas principais ruas da Rocinha percebe logo a presença do poder público: vias livres de lixo, nova iluminação, asfalto ainda quentinho. E a presença de operadores da CET-Rio, ordenando o trânsito da Estrada da Gávea, não deixa dúvida de que ali, agora, quem manda não é mais o tráfico de drogas. Mas nem tudo é perfeito ainda. Basta se embrenhar um pouco mais para perceber que o choque de ordem tem muito a caminhar lá dentro se quiser acabar com o contraste dos becos mal iluminados e ainda cobertos por lixo e esgoto.

Na Travessa 50, cheiros de feijão fresco e de esgoto

Subindo as escadarias da Travessa 50, uma das vielas da Rua 2, chama a atenção a mistura dos cheiros do esgoto com o do feijão fresquinho. A dona de casa Lourdes da Silva aguardava na quinta-feira a chegada do marido e do filho adolescente para o almoço. Na porta de casa, olhava desolada a montanha de lixo a poucos metros:

— Aqui, não trocaram nem uma lâmpada — comentou.

O vizinho Gilmar Gomes Ferreira conta que paga a um menino para limpar o trecho do beco em frente à sua casa:

— As contas chegam para a gente todos os meses, mas o gari nunca veio aqui, nem os comunitários.

Na Travessa 40, moradores contam que pelo menos as lâmpadas dos postes já foram devidamente substituídas.

— Melhorou bastante a iluminação, mas os outros serviços ainda não chegaram — comentou um comerciante, que não quis se identificar. — É tudo muito recente. O melhor é ficar calado — justificou.

A dona de casa Ana Lúcia Vieira não teme e faz questão de denunciar.

— Aqui, o choque de ordem não chegou. E estamos pensando em fazer um abaixo-assinado para tentar acabar com esse valão cheio de ratos. Quando chove, o valão parece uma cachoeira, e os ratos caem junto com a água no meio da rua — contou Ana, que mora no beco da Rua 2 há 15 anos.

Na região conhecida como Pocinho, lixo e esgoto também imperam nos pequenas vielas. Há também uma grande quantidade de sacos de areia e entulhos de obras, que ocupam parte do espaço e dificultam a passagem dos moradores.

— Essa obra foi abandonada, mas o material nunca foi recolhido. Já virou criadouro de mosquitos, ratos e baratas — reclamou a diarista Valeria dos Santos, apontando para uma montanha de sacos de areia abandonados na casa vizinha à sua.

A dificuldade de acesso tem sido um desafio para a chegada dos serviços públicos nos becos, segundo o administrador regional da Rocinha, Jorge Colares.

— O lixo, por exemplo, tem que ser recolhido com containeres porque os caminhões, nem mesmo os menores, conseguem entrar. Mas as equipes da Rio Luz já começaram a trabalhar também nos becos. Já trocaram um total de 1, 8 mil lâmpadas — afirmou o administrador regional.

Subprefeitura diz que há esforço para chegar aos becos

De acordo com Jorge, aproximadamente 60 garis comunitários trabalham no recolhimento do lixo nos becos. Já os cem garis da Comlurb que chegaram na comunidade após a ocupação policial se concentram nas vias principais da favela.

— Alguns também reforçam a limpeza nos becos, mas nesses locais os serviços vão demorar um pouco mais para chegar por causa da dificuldade de acesso — admitiu.

Já o subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos, afirmou que a prefeitura está mobilizada para atingir todos os pontos da comunidade.

— Nós já vínhamos trabalhando para acabar com os problemas, mesmo antes da ocupação pela polícia. Agora vamos caminhado devagar, uma vez que, além da dificuldade de acesso, esse trabalho exige um esforço para coordenar os serviços de várias secretarias. Estamos trabalhando intensivamente a questão do lixo e da iluminação. O próximo passo será atacar o problema dos valões existentes na comunidade — afirmou.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O Estado erra ao esperar que só as forças policiais podem garantir o resgate da confiança do cidadão. É preciso que outros serviços públicos entrem em assão rapidamente para que o cidadão sinta a entrada do Estado nas comunidades e que o tráfico não fará falta.

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