Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SOBRE MENINOS E LOBOS


MOISÉS MARQUES, PROFESSOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - DIÁRIO CATARINENSE, 12/09/2011

O título deste belo filme, dirigido por Clint Eastwood, em 2003, talvez sirva para ilustrar o que aconteceu ao mundo, durante os dez anos que se sucederam ao fatídico dia 11 de setembro de 2001. Balanços são sempre passionais e emotivos. De qualquer forma, ao arriscar fazer um breve retrospecto, gostaria de retroceder 20 anos no tempo, para evocar a obra de Francis Fukuyama, que dizia ser a queda do império soviético o “fim da história”. A história, já previa o velho Marx, tem seus movimentos dialéticos e um acontecimento pode ser “rebento e coveiro” de outro. Assim, parece que Fukuyama pensou em “fim da história”, quando deveria ser “fim de uma história” e “começo de outra”. Errou, como erramos todos ao considerar que o fim da bipolaridade era o início de uma era em que a democracia e a livre circulação de coisas e pessoas poderiam ser marcas indeléveis da globalização.

Nada disso aconteceu. O mundo desigual ficou ainda mais desigual. No entanto, talvez tivesse razão Raymond Aron, quando afirmava, no que tange à velha dicotomia entre guerra e paz, que “o amigo de ontem pode ser o inimigo de hoje”. Alianças internacionais são efêmeras, mas armar populações inteiras sem prever como isso poderia voltar-se contra si mesmo é um erro brutal.

Por que os Estados Unidos deram armas a seus futuros inimigos? O problema é que, nesses dez anos, o ataque pode ser em Bali, Londres, Moscou ou Trípoli. Populações inteiras de jovens sem perspectiva derrubam governos no mundo árabe, mas também se vestem de bombas e explodem várias vidas, inclusive as próprias, para sentirem-se recompensados, ao menos uma vez.

Matar Bin Laden pode ter sido um belo trunfo eleitoral, mas não apaga as marcas do 11 de setembro. O mundo se deu conta de que meninos podem ser lobos e que lobos podem se travestir de meninos. Como diria o título do belíssimo livro do historiador britânico Tony Judt: um mal ronda a terra. “Quem é o inimigo, quem é você?”

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