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domingo, 4 de setembro de 2011

PODER PARALELO - "O CRIME ORGANIZADO SE TORNOU BRAÇO DO GOVERNO RUSSO"

ENTREVISTA. “O crime organizado se tornou um braço do governo russo”. Garry Kasparov, campeão mundial de xadrez e líder de oposição na Rússia - LUIZ ANTÔNIO ARAUJO, ZERO HORA 04/09/2011

Palestrante do ciclo Fronteiras do Pensamento nesta segunda-feira, às 19h30min, no Salão de Atos da UFRGS, o enxadrista Garry Kasparov é uma das mais vibrantes vozes de oposição ao regime da Rússia. Depois de uma candidatura frustrada à presidência, em 2007, ele manteve e aprofundou as críticas ao homem forte russo, Vladimir Putin, e seu aliado, o atual presidente Dmitry Medvedev. Como deixa claro nesta entrevista, a Rússia se desencaminhou ao abandonar o caminho trilhado durante o governo Boris Yeltsin (1991 – 1999).

O Fronteiras do Pensamento é apresentado pela Braskem e tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Natura, Gerdau e Grupo RBS. Parceria cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e prefeitura Municipal de Porto Alegre, módulo educacional Refap e apoio Anhanguera Educacional. Na quarta e na quinta-feira, de São Paulo, por telefone e por e-mail, Kasparov respondeu a perguntas de Zero Hora. A seguir, uma síntese:

Zero Hora – O senhor é infinitamente mais conhecido como enxadrista do que como político. Como a sua experiência como celebridade mundial influi na sua atividade política?

Garry Kasparov – Admito que é difícil superar como político minhas realizações no xadrez, mas nunca deixarei de tentar. Meu nome como esportista abre portas, chama a atenção para nossa causa. Também me dá uma certa dose de credibilidade, porque é óbvio que não estou me dedicando à política para obter ganhos pessoais.

ZH – Passados 20 anos do fim da União Soviética, o seu país passou por uma profunda transformação. Qual foi, na sua opinião, a principal conquista da revolução de 1991?

Kasparov – A principal realização foi a destruição de um Estado comunista e totalitário. Mas outro resultado, negativo, foi abrir a porta para uma nova classe criminosa de políticos mafiosos. Putin (Vladimir Putin, presidente da Rússia de 2000 a 2008 e atual primeiro-ministro) e seus aliados esmagaram esse potencial e rapidamente transformaram a Rússia na Corporação KGB (Putin iniciou a carreira como diretor da KGB, o serviço secreto soviético), onde as despesas são nacionalizadas e os lucros são privatizados.

ZH – Que tipo de papel a Rússia representará no cenário internacional no futuro?

Kasparov – Isso depende inteiramente da direção política que tomarmos internamente. O povo russo quer um papel de liderança, mas também uma parceria com o resto da Europa e do mundo. Não queremos ser apenas exportadores de recursos naturais. A Rússia tem armas nucleares, petróleo e gás natural, e é natural para Putin e seus amigos das forças de segurança usar essas coisas para criar uma posição forte e ameaçadora. Quando tivermos democracia, veremos uma Rússia que atua como parceira, não como uma ameaça.

ZH – A ditadura de partido único acabou, mas os russos enfrentam hoje outros problemas, como a máfia e o fundamentalismo. Como o senhor pensa que a Rússia deve lidar com esses novos desafios?

Kasparov – Quem disse que a ditadura de partido único acabou? Certamente nenhum russo livre de espírito diria isso! O partido Rússia Unida (de Putin e do presidente Dmitry Medvedev) domina nossa política nacional como o PRI fez no México por gerações e quase tão completamente quanto o Partido Comunista fez na União Soviética. Oposição de fachada é permitida, desde que não se oponha realmente a Putin e ao partido Rússia Unida. A Rússia tem muitos desafios, mas dizer que a máfia é um desafio para este regime é como dizer que o carpinteiro está em guerra com seu martelo. O crime organizado se tornou um braço do governo russo.

ZH – Analistas dizem que, ao longo de sua história, a Rússia tem uma atitude pendular em relação à Europa: às vezes tende ao expansionismo, e às vezes a uma espécie de recolhimento rancoroso atrás de suas formidáveis montanhas e planícies. Um psicólogo chamaria isso de padrão bipolar de comportamento. Faz sentido para o senhor?

Kasparov – Não sou dado a esquemas nacionais simplistas. Acredito que todos os povos querem ser livres e acredito em liderança. Tenho viajado para cada canto da Rússia e garanto que você não encontra quase ninguém que considere a Europa ou os Estados Unidos como uma ameaça. Nossos líderes são os únicos que temem a abertura para a Europa e que querem detê-la à força. A Europa representa mídia livre, eleições livres, mercados livres, tribunais livres, e essas são coisas que aterrorizam Putin e seus aliados.

ZH – O conceito de sociedade em rede faz sentido na Rússia, onde o inglês não é uma língua amplamente adotada?

Kasparov – Nós vamos surpreender você! É apenas o atual clima autoritário que dá essa aparência. Os jovens da Rússia passam muito tempo online e aprendem inglês muito bem. Muitos jovens russos veem a lealdade ao Kremlin como o único modo de obter sucesso nos estudos, negócios ou política. Mas assim que o regime de Putin começar a cair, eles irão rapidamente se juntar à comunidade global.



Um comentário:

Paulo Luiz Mendonça. disse...

Três poderes paralelos.

A democracia tem seu equilíbrio nos três poderes, Executivo, legislativo e judiciário. Quando a democracia está realmente dentro de um espírito democrático existe também o quarto poder que é a imprensa, onde são divulgados sem censura os erros e acertos dos governantes.
Paralelamente a estes três poderes do regime democrático existem outros três poderes, são eles: poder econômico, político e religioso, naturalmente estes poderes por interesses próprio estão intimamente ligados formando um tripé o qual da sustentação a todo tipo de manipulação do povo brasileiro.
Primeiro falaremos do poder econômico, todos sabem, em país de terceiro mundo o dinheiro compra tudo, então para os poderosos tudo é possível, nada os impede de manipular qualquer setor da vida nacional.
Segundo, o poder político, este é sustentado pelo poder econômico e costumeiramente muito bem apoiado pelo poder religioso, que tem a incumbência de manipular a classe mais humilde da população proporcionando aos políticos desonestos a possibilidade de se manterem sempre exercendo cargos públicos sem serem questionados ou importunados.
Terceiro, poder religioso, a meu ver o maior manipulador das classes menos favorecidas. A manipulação religiosa é que mantém o povo sempre tranqüilo, esperançoso e sempre acreditando na promessa de que na vida eterna, é que está a verdadeira felicidade.
Dizem eles: Não se preocupem com riqueza, pois é mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no céu. (E quem falou que rico quer entrar no céu). Os teocratas Alardeiam com muita ênfase, a glorificação, e as delicias do paraíso, tudo isso vem após a morte, sendo assim os fieis religiosos mantém-se calmos, tranqüilos e cordatos sem desejo de reação contra os desmandos do poder político e do poder econômico.
Para finalizar, tenho ouvido muitos falarem que religião é o freio da humanidade. Não concordo, pois o verdadeiro freio que deveria existir na humanidade é a responsabilidade dos pais de educarem seus filhos os ensinando a serem honestos, trabalhadores, sobretudo ter grande respeito pelos seus semelhantes. Mas ao invés disso os pais na sua maioria ensinam aos filhos fantasias de que existe inferno, paraíso, pecado e sem questionamento devem sempre temer a Deus. Estes ensinamentos são fantasiosos, pois nem mesmo eles sabem com certeza se realmente existe. A meu ver a religiosidade do povo no planeta todo não regride pelo fato da maioria dos pais passarem para seus filhos suas crenças herdadas dos seus antepassados. Na verdade é isso que sustenta a continuação da fé religiosa. Dizem que a religiosidade é uma manifestação divina no ser humano, digo com toda certeza se não existisse o medo da morte, se vivêssemos para sempre, a palavra religião nem faria parte do nosso dicionário.

Paulo Luiz Mendonça.