Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

domingo, 21 de agosto de 2011

UNIDOS PELA LIBERDADE

EDITORIAL ZERO HORA 21/08/2011


Já se passaram 50 anos, já é História, mas o Movimento da Legalidade – como ficou conhecida a resistência comandada pelo governador gaúcho Leonel Brizola à tentativa de golpe militar para evitar que o então vice-presidente da República João Goulart assumisse o governo no lugar do presidente renunciante Jânio Quadros – ainda serve de inspiração para os brasileiros que amam a democracia. Porém, a História, por mais épica que pareça, precisa ser recontada de tempos em tempos, para que o distanciamento cronológico reduza a subjetividade das fontes e também para que outros personagens acrescentem suas versões. É o que se pretende com a série de reportagens intitulada A face desconhecida da Legalidade, que a partir deste domingo lança novas luzes sobre episódios marcantes do movimento, possibilitando aos leitores um mergulho no passado e o conhecimento de depoimentos inéditos de protagonistas dos acontecimentos que deixaram o país paralisado há cinco décadas.

O Brasil soberano, livre e democrático dos dias atuais deveria rever de quando em quando os apontamentos daquele episódio de agosto de 1961, para reforçar a sua convicção de que o preço da liberdade é mesmo a eterna vigilância. Nas duas semanas que se sucederam à intempestiva renúncia do presidente Jânio Quadros, as forças do arbítrio tentaram rasgar a Constituição e impor aos brasileiros o regime discricionário que três anos depois viria efetivamente a se instalar no país, com as consequências que tão bem conhecemos. Mas, por um breve momento, a resistência nascida nos porões do Palácio Piratini irradiou-se para toda a nação e o povo brasileiro ficou efetivamente “unido pela liberdade”, como sugeria o inspirado Hino da Legalidade, composto por Paulo César Pereio e Lara de Lemos.

Foram dias tensos, em que o Brasil esteve às portas de uma guerra civil. No final, o famoso jeitinho brasileiro acabou prevalecendo. Jango tomou posse, como exigiam os legalistas, mas aceitou o acordo costurado pelo mineiro Tancredo Neves para implantar o parlamentarismo no país, acalmando momentaneamente os insatisfeitos e evitando um provável derramamento de sangue. Ficou um gostinho amargo de frustração e, infelizmente, criou-se o caldo de cultura para o golpe de 1964.

Mas ficou, também, o exemplo de coragem, patriotismo e compromisso de uma parcela expressiva de brasileiros com os valores democráticos que haveriam de prevalecer no país. Os heróis da Legalidade merecem ser devidamente reverenciados. Isso, porém, não deve impedir que trechos obscuros ou mal contados da nossa história possam ser revisados, até mesmo para se evitar que mal-entendidos e bravatas desmereçam o real significado de um movimento que simbolizou o apreço do povo brasileiro por sua liberdade e por sua soberania.

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