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sexta-feira, 24 de junho de 2011

TEORIAS AMERICANAS PARA BAIXAR A CRIMINALIDADE


Criminalidade nos EUA chega a nível mais baixo em 20 anos; conheça 10 teorias. Mais inteligência na segurança da fronteira México-EUA diminuiu criminalidade, que ainda é grande na área - BBC BRASIL, 23 de junho, 2011 - 06:30 (Brasília) 09:30 GMT

A criminalidade nos Estados Unidos caiu ao seu nível mais baixo em duas décadas, segundo estatísticas divulgadas pela polícia federal americana, o FBI.

Desde 1991, os índices de delinquência seguiram caindo, mesmo em momentos políticos e econômicos distintos - nesses 20 anos o país passou por épocas de recessão e bonança, por governos republicanos e democratas.

Os roubos e assassinatos caíram pela metade entre 1991 e 1998. Se esse ritmo diminui no fim dos anos 1990, os últimos dados do FBI mostram que a tendência ganhou força de novo desde 2008 e continuou no ano passado, apesar das altas taxas de desemprego.
Não há uma única razão clara para essa tendência. Mas a BBC reuniu dez teorias que tentam explicar o fenômeno:

1. Efeito Obama

Este fator poderia justificar a redução acentuada dos últimos dois anos, segundo um dos especialistas mais respeitados do país nesse tema, Alfred Blumstein, autor de The Crime Drop in América (A Queda da Criminalidade na América, em tradução livre). Para Blumstein, a eleição do primeiro presidente negro da história americana pode ter servido de inspiração para jovens negros que, em outras circunstâncias, estariam envolvidos em roubos e homicídios, já que historicamente o envolvimento dos negros com a criminalidade é desproporcionalmente grande. Esta é uma teoria altamente especulativa, afirma o professor, e provavelmente apenas um fator entre tantos outros – de outra forma, como explicar a queda acentuada em cidades como Phoenix, que não tem uma grande população negra?

“No campo da criminologia, não há indicadores consistentes como a física. Muitos fatores podem ter contribuído”, afirma Blumstein. Um estudo levando em conta notas escolares reforça a hipótese de que um negro na Presidência possa ter motivado alguns adolescentes afro-americanos a se esforçar mais nos estudos.

2. A queda na demanda por crack

Para Blumstein, a tendência de redução da criminalidade nos EUA no início dos anos 1990 coincide com a redução na demanda por crack. Passaram a circular e a ser mais conhecidos os perigos do uso dessa droga, e isto, junto com uma atuação decisiva por parte da polícia, levou a uma redução na violência por armas de fogo associadas ao tráfico de crack. Exatamente o oposto havia ocorrido em 1985, quando a prisão de traficantes proeminentes levou a uma espiral de violência, na medida em que traficantes de menor importância, mais jovens e menos imprudentes, ocuparam o vácuo.

3. Atuação policial inteligente

Ações policiais mais inteligentes ajudaram a diminuir o roubo de automóveis em 40% na cidade de Laredo, na fronteira texana com o México, no ano passado. Segundo o porta-voz da polícia fronteiriça, Joe Baeza, esta queda se deu graças à introdução de um cadastro policial no qual os proprietários de veículos podiam registrar suas placas. De acordo com Joe Baeza, isto permitiu às patrulhas identificarem mais facilmente os veículos que eram parados. O policial acrescenta que também foram tomadas ações para desmantelar as redes de roubo de automóvel e educar a população sobre a prevenção dos dispositivos antifurto.

4. Estatísticas

O acompanhamento das estatísticas também ajudou em Laredo, onde a taxa total de delitos diminuiu 6% em 2010. Com a ajuda de um sistema chamado ComptStat, que mapeia os pontos mais críticos da criminalidade nas diversas partes da cidade, a corporação reforçou a segurança nas áreas mais necessitadas. O sistema começou a ser utilizado em Nova York.

5. Legalização do aborto

Uma polêmica teoria do economista Steven Levitt diz que a prática legal do aborto – autorizada por uma lei de 1973 – implica no menor número de mulheres pobres, jovens e solteiras com filhos. Isso – diz ele – evitou que crianças não desejadas nos anos 1970 e 1980 se convertessem em adolescentes criminosos nas décadas seguintes. Alguns acadêmicos, no entanto, contestam a tese.

6. Criminosos atrás das grades

O sociólogo John Conklin, da Universidade de Tufts, diz que um fato significativo para a queda da criminalidade nos anos 1990 foi o fato de haver mais criminosos atrás das grades, sem possibilidade de cometer outros delitos. Em seu livro Why Crime Rates Fell ele diz que as sentenças nos anos 1960 e 1970 eram mais brandas, o que ajudou no aumento da criminalidade. Depois disso, foram construídas mais prisões e as condenações se tornaram mais duras. Os que contestam essa hipótese questionam o fato de as cifras continuarem baixando nos últimos anos, quando limitações orçamentárias implicaram numa população carcerária relativamente pequena.

7. Menor exposição ao chumbo

Uma economista da Amherst Collage, de Massachussets, vincula a queda da violência a uma menor exposição das crianças ao chumbo antes presente na gasolina. Jessica Wolpaw Reyes ressalta que “mesmo níveis de baixos a moderados de exposição podem levar a problemas de comportamento, redução do coeficiente intelectual, hiperatividade e delinquência juvenil. Você pode associar a queda do uso do chumbo, entre 1975 e 1985, a um declínio dos crimes violentos 20 anos depois”. Cerca de 90% das crianças americanas nos anos 1970 tinham níveis de chumbo no sangue que hoje seriam preocupantes, diz ela. Seu estudo mostra a relação da criminalidade em alguns estados com as leis que baniram o uso do chumbo.

8. Nascidos no "baby boom" envelhecem

A geração do "baby boom" (explosão no número de nascimentos no pós-Guerra) envelheceu. Como o ritmo de nascimentos em alta entre 1957 e 1961, a proporção de jovens nos EUA atingiu seu ápice nos fim dos anos 1970 e começo dos 1980. Com o passar do tempo, a proporção de pessoas na maioridade penal diminuiu.

9. Videogames

Um estudo divulgado no último mês sugere que o videogame tirou os jovens das ruas, deixando-os longe do crime. Pesquisadores do Texas e do Centro para Pesquisa Econômica Europeia afirmam que esse efeito compensa qualquer impacto que o conteúdo de jogos possam ter para encorajar o comportamento violento.

10. Câmeras de celular

Algumas pessoas sugeriram ao professor Blumstein que há outro elemento de contenção tecnológica, que é a proliferação de câmeras nos celulares, o que faz muitos criminosos pensarem duas vezes antes de cometer algum crime e aparecer em um vídeo. O impacto de outros tipos de câmera é incerto. Na Grã-Bretanha, há divergências sobre o impacto dos circuitos fechados de televisão nos índices de criminalidade.



COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Enquanto os Estados Unidos primam pelo rigor para combater a criminalidade, aqui no Brasil, vigoram políticas, condutas e estratégias tolerantes e amadoras na preservação da ordem pública, expressadas em descaso, sucateamento, leis contraditórias e decisões judiciais centralizadas, benevolentes, alternativas e terapêuticas.

Entre as dez teorias colocadas na matéria, destaco-se duas:

- BANDIDO ATRÁS DAS GRADES - Lá, após uma experiência caótica quando as sentenças nos anos 1960 e 1970 eram mais brandas, apostam na construção de mais prisões e condenações mais duras pelo "fato de haver mais criminosos atrás das grades, sem possibilidade de cometer outros delitos". Aqui, no Brasil, ocorre o contrário com os legisladores e a justiça acreditando que uma lei que devolve às ruas mais de 80 mil criminosos possa ser a solução para coibir o crime e a violência.

- POLÍCIA INTELIGENTE - Nota-se que a atuação policial inteligente começa pelo controle das fronteiras, passando para a educação da população, dispositivos antifurto, acompanhamento das estatísticas e mapeamento dos pontos mais críticos da criminalidade nas diversas partes da cidade em que as áreas mais necessitadas são reforçadas. No Brasil, a polícia abandonou suas fronteiras e a missão prioritária do sistema de ordem pública: a prevenção. Aqui, o Estado acredita em "polícia inteligente" fracionando o ciclo policial (investigativa, pericial e ostensiva)em três polícias autônomas e culturas organizacionais diversificadas, desvalorizando a profissão policial, promovendo insegurança funcional e financeira, sem sistema ágil e integrado, influenciando partidariamente as carreiras e operações, concedendo privilégios para militantes policiais, sucateando as estruturas, desmoralizando os esforços policiais na justiça, apelando para forças-tarefas sem compromisso institucional e priorizando ações políticas partidárias, de inopino, parciais, imediatistas, superficiais, de contenção, midiáticas e sem diagnóstico ou estratégia futura, sedimentados de vontade dos gestores e desprezando princípios, técnicas e inteligência.

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