Revelamos aqui as causas e efeitos da insegurança pública e jurídica no Brasil, propondo uma ampla mobilização na defesa da liberdade, democracia, federalismo, moralidade, probidade, civismo, cidadania e supremacia do interesse público, exigindo uma Constituição enxuta; Leis rigorosas; Segurança jurídica e judiciária; Justiça coativa; Reforma política, Zelo do erário; Execução penal digna; Poderes harmônicos e comprometidos; e Sistema de Justiça Criminal eficiente na preservação da Ordem Pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

sábado, 11 de dezembro de 2010

EDUCAÇÃO, COMPETIÇÃO E VIOLÊNCIA

Educação, competição e violência, por Valdo Barcelos, professor da UFSM, Escritor. Zero Hora 11/12/2010

Onde aprendemos a competir com tanta intensidade? Como aprendemos isso com tanta facilidade? Essas duas perguntas estão sendo feitas por quem ainda não se conformou com as diferentes formas de violência que, cada vez mais, tomam conta de nosso cotidiano. A resposta para a primeira pergunta me parece óbvia. Talvez até por isso não a tenhamos ainda encontrado. Os seres humanos aprendem a competir nos locais onde vivem. Ou seja: nos seus lares, nas ruas, nos clubes, nos templos que frequentam e, como não poderia deixar de ser, nas escolas em que estudam. Enfim, nos espaços cotidianos em que suas vidas acontecem. Até porque não podemos nos esquecer de outra obviedade: a vida se constrói nas pequenas coisas. No cotidiano. Os ódios que se materializam em violências não são algo que aparece repentinamente e se instala em nossos corações e mentes. Acreditar nisto seria como atribuir a responsabilidade de nossas ações a algo fora de nós. A solução para a segunda pergunta – como aprendemos a competir com tanta facilidade? – já está dada na medida em que a primeira é respondida. Se vivermos em um ambiente de disputas, de competições, de violência, as chances de acolhermos o outro são quase nulas. As possibilidades de uma criança que cresce na violência repeti-la são muito grandes. Por outro lado, aquelas que crescem no cuidado, no carinho, na solidariedade e no amor terão, com maior probabilidade, uma adolescência e uma vida adulta marcadas pela cooperação e por atitudes que encaminhem para um mundo de mais paz e menos violência. Irão amar mais e odiar menos. Serão mais solidárias e cooperativas.

Essa é uma ideia simples. Ancorada em algo também muito simples: não nascemos amando nem odiando ninguém. Aprendemos isso durante nossa vida. Afinal, quem de nós seria capaz de olhar para uma criança, recém chegada a este mundo, e dizer se ela seria um adulto praticante da paz ou da guerra? Ninguém. Nossas violências, locais e planetárias, têm origens muito próximas. A violência que o pai ou a mãe cometem contra o filho é tão decisiva para a construção de um mundo mais tolerante quanto a violência de um Estado contra outro ou de um grupo de terroristas contra seus alvos. São formas diferentes de violência. Porém, ecologicamente ligadas.

Portanto, como não teríamos violência nas escolas se elas – as escolas – estão imersas em uma sociedade de pessoas violentas? Pessoas que falam aos gritos e acham isto normal? Pessoas que se sentem o máximo em dizer que são “curtas” e “grossas”? Pessoas que sentem prazer em mostrar que são fortes por meio da arrogância? Pessoas que negam suas inseguranças psíquicas, rejeitando seus desejos íntimos de felicidade e de assunção de seus fantasmas? Pessoas, essas, que podemos ser nós mesmos, nosso colega de trabalho, nosso vizinho, enfim, gente como a gente. Gente como o universitário que matou o professor por não gostar da nota que recebeu.

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