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domingo, 28 de novembro de 2010

A GUERRA DO RIO - Por que o Rio aplaude a polícia?

Por que o Rio aplaude a polícia. Instalação das Unidades de Polícia Pacificadoras e consequente perda de território do tráfico estão entre os principais fatores - GUSTAVO AZEVEDO, Zero hora, 28/11/2010

No trajeto entre a base da Marinha e a Vila Cruzeiro, a área do Rio de Janeiro que se transformou num campo de guerra na quinta-feira, policiais e fuzileiros navais assistiram a uma cena impensável anos atrás.

Das janelas dos prédios e nas ruas, os cariocas aplaudiam a passagem dos tanques e dos caveirões (blindados da PM), que se dirigiam para o marcante combate contra os traficantes. Esse apoio popular, que impulsiona as forças de segurança a avançar sobre o terreno inimigo, foi conseguido pelas autoridades do Rio por um marco principal, segundo os especialistas: as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs). Com a medida, o poder público recuperou territórios ocupados há décadas por traficantes e milicianos, levando paz às comunidades.

Até 2008, antes de as unidades serem adotadas, a imagem da polícia fluminense, tachada de corrupta, era das piores. Nos morros, a população convivia com tiroteios diários e incursões desenfreadas dos caveirões do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que subiam, limpavam a área, mas não ficavam. No confronto direto com os criminosos, sobravam balas perdidas e vítimas. Fora das favelas, o sistema “atire antes e pergunte depois” gerou operações desastrosas que atingiram inocentes, revoltando a classe média da Zona Sul. A morte de João Roberto Amaral, três anos, em 2008, foi o símbolo dessa fase. Confundido com o de bandidos, o carro da família da criança foi perseguido e metralhado por policiais na Barra da Tijuca.

Para Tião Santos, coordenador de projetos de segurança pública e juventude do movimento Viva Rio, a mudança de pensamento e o apoio maciço para essa ofensiva passa obrigatoriamente pelas UPPs.

– As unidades não resolvem o problema da segurança. É matematicamente impossível cobrir mais de mil favelas. Mas essa iniciativa tem o mérito de trazer tranquilidade para as comunidades. Não tem mais balas perdidas, não tem mais caveirões. A UPP trouxe de volta a população para o lado da polícia – diz Santos.

Resposta não pode ser exagerada

A retomada de território pelas unidades agravou o processo de perda de identidade dos traficantes com as comunidades onde atuam. As UPPs empurraram as quadrilhas para favelas que não tinham controle ou afinidade. Os bandidos perderam o apoio da população conquistado pela ameaça. Esse suporte foi para a polícia, que passou a ficar permanentemente nos morros.

– A partir das UPPs e de ações mais comunitárias e adequadas, a polícia passou a ter respaldo, e isso era o que faltava. Não havia confiança antes – afirma Rodrigo de Azevedo, professor do curso de pós-graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

As forças de segurança têm agora as armas nas mãos para dar um novo rumo à cidade. Alessandro Visacro, oficial do Exército e especialista em conflito urbano, ressalva a importância de um ação moderada.

– É necessário tomar cuidado para não extrapolar na resposta, que tem de ser dada de forma proporcional, a fim de não reverter esse apoio popular – aconselhou o militar à Rádio Nacional.

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